ATA DA SEXAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 20.08.1993.
Aos vinte dias
do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e três reuniu-se, na Sala
de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Sexagésima Quinta Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da
Décima Primeira Legislatura. Às nove horas foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Clênia Maranhão,
Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Divo do Canto, Eliseu
Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Gerson
Almeida, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João
Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz
Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu
D’Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas e Wilton Araújo. Constatada a
existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Sexagésima
Quarta Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo
Vereador Antonio Hohlfeldt, 04 Pedidos de Providências e 02 Pedidos de
Informações nºs 123 e 124/93 (Processos nºs 2102 e 2103/93); pelo Vereador
Décio Schauren, 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 27/ 93
(Processo nº 2105/93); pelo Vereador Milton Zuanazzi, 01 Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 26/93 (Processo nº 1994/93) e 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador Raul Carrion, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº
100/93 (Processo nº 1979/93) . Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 15/93, da
Comissão de Assuntos Legislativos da Assembléia Legislativa do Estado, 93/93,
da Câmara Municipal de Ribeirão Preto, São Paulo, 328/93, da Câmara Municipal
de Bauru, São Paulo, 7141/93, da Câmara Municipal de Cruz Alta, 510 e 521/93,
do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; Divulgação relativa ao I Simpósio
Latino-Americano de Resíduos Sólidos — Balanço Energético dos Resíduos Sólidos
em Porto Alegre; Convite da União dos Vereadores do Rio Grande do Sul,
referente ao Seminário Estadual dos Vereadores e Servidores das Câmaras
Municipais do Rio Grande do Sul. A seguir, o Senhor Presidente registrou a
presença, na Mesa dos trabalhos, do Senhor Glicério Moura Neto, representante
do Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS, concedendo a palavra a Sua Senhoria que,
nos termos do artigo 100 da Lei Orgânica Municipal, Tribuna Popular,
manifestou-se sobre episódios observados em virtude de Projeto de Lei de
autoria do vereador João Motta,
relativo ao “Dia do Orgulho Gay”, analisando os objetivos desse Projeto.
Historiou acerca da homossexualidade, presente desde a Grécia Antiga, dizendo
que hoje a discriminação ainda existe, sendo mantida, para o termo homossexualidade,
uma conotação geralmente “baixa e preconceituosa”. Em prosseguimento, o Senhor
Presidente, nos termos do artigo 206 do Regimento Interno, concedeu a palavra
aos Senhores Vereadores para manifestações acerca do assunto abordado na
Tribuna Popular. O Vereador Pedro Américo Leal reportou-se sobre o tema trazido
à Casa, na Tribuna Popular, ressaltando que não há uma noção exata sobre a
característica dessa tendência do ser humano. Disse, ainda, que o assunto não
merece o grau de atenção que vem recebendo da Casa, por ser este Legislativo
local para discussões de cunho político. Finalizando, salientou haver
convicção das pessoas com tendências homossexuais mas não orgulho. O Vereador
João Motta informou que a discussão acerca da homossexualidade será feita
tantas vezes quantas se fizerem necessárias, referindo-se ao Projeto de Lei de
sua autoria, que trata do “Dia do Orgulho Gay”. Alertou que a maioria das
pessoas desconhece o assunto, sendo importante estabelecer essa discussão.
Falou, também, que só em Sapucaia do Sul existe uma Lei Orgânica Municipal que
proíbe a discriminação por orientação sexual, reforçando, assim, a idéia do Rio
Grande do Sul como um Estado machista e preconceituoso. Disse ser pertinente à
Câmara essa discussão, porque trata de uma forma de discriminação como tantas
outras que existem no País. O Vereador Lauro Hagemann manifestou a posição de
seu Partido sobre o assunto em debate, dizendo ser a mesma já conhecida por
esses agrupamentos que se diferenciam na sociedade. Disse, ainda, ter absoluto
respeito por esses grupos diferenciados, afirmando ser o homossexualismo uma
realidade social que não pode ser ignorada. E, também, observou que deve ser
discutido o encaminhamento desse processo por ser esta Casa um “forum”
democrático. A Vereadora Maria do Rosário disse haver dificuldade em alcançar
essa discussão, referindo-se ao tema trazido na Tribuna Popular, que trata do
“Dia do Orgulho Gay”’ lembrando que a discriminação ocorre em todos os
segmentos da sociedade. Destacou como positivo o sentimento de orgulho
apresentado pelos segmentos sociais discriminados. A seguir, o Senhor
Presidente agradeceu a presença do Senhor Glicério de Moura Neto, representante
do Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS, GAPA. Em COMUNICAÇÕES DE PRESIDENTE, o
Vereador Wilton Araújo informou aos Senhores Vereadores acerca de Oficio do
Senhor Prefeito Municipal dando conhecimento à Casa de que não cumprirá a Lei
Complementar nº 295, que trata do índice de custos do DMAE - Departamento
Municipal de Água e Esgotos e que foi aprovada por esta Casa. Disse que o
Senhor Prefeito deixará de cumprir uma lei reconhecidamente pelo seu mérito,
embora não a tenha vetado nem a questionado na justiça. Propugnou pelo envio
desse processo à Comissão de Constituição e Justiça, para que esta dê um
posicionamento orgânico e constitucional sobre a postura do Executivo
Municipal. Registrou, ainda a sustentação favorável da Auditoria deste Legislativo
sobre a ilegalidade da postura de não cumprimento da Lei Complementar nº 295.
Em COMUNICAÇÕES DE LÍDER, o Vereador João Verle referiu-se ao realinhamento
tarifário do DMAE que, na ocasião de sua aprovação, provocou nesta Casa grande
discussão a respeito de seu cálculo. Justificou que o Executivo Municipal não
encaminhou o Projeto porque, de antemão, teria de ser rejeitado, visto que
proporia novo aumento real de tarifa. Sugeriu o comparecimento do Diretor Geral
do DMAE a esta Casa para prestar os esclarecimentos necessários. O Vereador
Luiz Braz disse que não cabe ao Poder Executivo selecionar as leis que deseja
ou não cumprir. Referiu-se ao jurista Rui Barbosa, dizendo ser ao Poder
Judiciário que cabe decidir sobre a constitucionalidade das leis. Lembrou
projeto tramitado nesta Casa durante a legislatura anterior que tratava da
execução do Hino Nacional nas escolas do Município, afirmando ser o PT contra
tal proposta. Ao final, registrou sua posição de contrariedade as atitudes de
ilegalidade assumidas pelo Executivo Municipal. O Vereador João Dib
classificou como “incompetente” o Secretário do Governo Municipal, Senhor Jorge
Ponte, por não se responsabilizar pelas mensagens enviadas a esta Câmara.
Referiu-se ao aumento das tarifas do DMAE dizendo que não importa ser um custo
baixo ou não, pois esse Departamento descapitalizado irá deixar de fornecer
água a população portoalegrense. Disse, ainda, que esta Casa tem capacidade de
analisar qualquer projeto enviado pelo DMAE, propugnando pelo cumprimento das
leis. O Vereador Jair Soares leu requerimento de sua autoria no qual registra
que o Pedido de Informações formulado pelo vereador Gerson Almeida ao Governo
do Estado sobre o uso de linhas telefônicas de propriedade de Campanhia
Riograndense de Telecomunicações foge às atribuições da Câmara Municipal, por
não tratar de problema necessário para o exercício de sua função legislativa e
fiscalizadora. Propugnou pela devolução do Requerimento ao seu autor,
requerendo fosse declarada nula a sua votação. Após, foi aprovado Requerimento
verbal do Vereador Dilamar Machado solicitando a inversão da ordem dos trabalhos,
iniciando-se a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o
Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 05/92. Foram também
aprovados os seguintes Requerimentos: do Vereador Antonio Hohlfeldt,
solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares durante o dia vinte
de agosto; do Vereador Wilton Araújo solicitando constituição de Comissão
Especial destinada a tratar sobre um plano de atendimento às pessoas carentes
moradores de rua; da Vereadora Clênia Maranhão, de Voto de Congratulações com o
Senhor Manuel Antônio Ribeiro Valente e demais membros da Diretoria, pela
reeleição para o Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul-SENERGISUL;
do Vereador Nereu D’Ávila, solicitando renovação de votação do Requerimento nº 294/93 de autoria do Vereador Gerson
Almeida, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Nereu D’Ávila,
João Motta, João Dib e Gerson Almeida; do Vereador João Verle solicitando seja
dispensado de distribuição em avulso e interstício para sua Redação Final,
considerando-se aprovada nesta data, o Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 05/92; da Vereadora
Maria do Rosário, por vinte e dois votos SIM e sete votos NÃO, solicitando seja
encaminhada ao Governo do Estado, aos Deputados Estaduais, à Diretoria e aos
Núcleos do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul,
CPERS/SINDICATO, de Moção de Protesto desta Casa ante a decisão do Governador
Alceu Collares de retirar o direito de cedência a professores que exercem suas
funções como diretores dos núcleos do referido Sindicato, tendo votado Sim os
Vereadores Clóvis Ilgenfritz, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Divo do Canto,
Fernando Záchia, Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Jair Soares, João Dib,
João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz
Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi, Gerson Almeida, Pedro
Américo Leal, Darci Campani e tendo votado Não os Vereadores Artur Zanella,
Dilamar Machado, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Isaac Ainhorn, Mário Fraga,
Nereu D’Ávila, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Nereu
D’Ávila, Maria do Rosário, Gerson Almeida, Jocelin Azambuja e João Dib. Na
ocasião, o Senhor Presidente declarou empossado o suplente Darci Campani, em
substituição ao Vereador Antonio Hohlfeldt, que já tendo prestado compromisso,
integrará a Comissão de Finanças e Orçamento. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Nereu D’Ávila criticou a atuação do Vereador Guilherme Barbosa em mensagem
publicitária da Administração Municipal veiculada pela Rádio Gaúcha, onde é
criticada a Comissão Parlamentar de Inquérito da FUNDATEC. Disse ser anti-ética
a postura do PT ao criticar, em público, uma matéria que ainda está “sub judice” na Casa, onde, por seu turno, é
garantida a mais ampla defesa aos Vereadores da bancada governista. Propugnou
por este Legislativo manifestar-se como instituição para responder às acusações
formuladas, durante o mesmo tempo e no mesmo horário da publicidade da
Administração Municipal. Ainda durante a ORDEM DO DIA, foi indeferido pelo
Senhor Presidente Requerimento do Vereador Jair Soares solicitando fosse
declarada nula a votação do Requerimento do Vereador Gerson Almeida que
solicita Pedido de Informações ao Governo do Estado acerca de linhas
telefônicas. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram em 1ª Sessão o Projeto
de Lei do Executivo 50/93, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo
nº25/93 e o Projeto de Lei do Legislativo nº 106/93; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 87,
97, 99/93 e 238/91, este discutido pelo Vereador Clóvis Ilgenfritz, o Projeto
de Emenda à Lei Orgânica nº 78/93, discutido pelo Vereador Clóvis Ilgenfritz,
os Projetos de Lei do Executivo nºs 47, 56, 57, 58 e 59/93 e os Projetos de
Resolução nºs 21 e 22/93; e em 3ª Sessão os Projetos de Lei do Legislativo nºs
103 e 96/93, este discutido pelos Vereadores Guilherme Barbosa e João Dib e os
Projetos de Lei do Executivo nºs 48, 53 e 55/93. Nada mais havendo a tratar, às
doze horas e vinte e um minutos o Senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Wilton Araújo, Luiz Braz e Milton Zuanazzi e secretariados pelos
Vereadores Luiz Braz e Clênia Maranhão. Do que eu, Airto Ferronato, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR.
PRESIDENTE (Wilton Araújo): Passamos
à
Convidamos o Sr. Glicério Manoel de Moura Neto para
ocupar a tribuna, pelo tempo regimental de 10 minutos.
O SR. GLICÉRIO
MANOEL DE MOURA NETO: (Lê.)
“Exmo Sr. Presidente da Câmara Wilton
Araújo
Exmos Srs. Vereadores.
Mais uma vez ocupamos esta tribuna para
manifestarmo-nos com relação aos episódios ocorridos em virtude do projeto de
lei do Vereador João Motta, que institui o “Dia Municipal do Orgulho Gay”.
Queremos deixar claro que não se trata simplesmente
de homenagear os gays e lésbicas da Cidade, mas sim criar um referencial para a
discussão sobre os direitos de cidadania, onde possamos abordar as
homossexualidades.
A nós surpreende que, às portas do século XXI,
tenhamos que conviver com idéias e práticas cabíveis apenas durante os períodos
mais obscuros da Idade Média. É bom que relembremos que, ao longo de nossa
história, temos demonstrado nosso orgulho em relação à herança que recebemos da
civilização clássica. Pois esta civilização, que nos assombra ainda hoje pela
qualidade e beleza de sua arte nos fascina pela majestade do pensamento,
mostrava-se muito menos preconceituosa do que a nossa, quase três mil anos após.
Tenhamos presente que na Grécia Antiga a homossexualidade não só era aceita,
mas inclusive, incentivada como rito de passagem da adolescência para a idade
adulta. Vem daí a origem da palavra PEDERASTIA, que, como podemos ver, tinha um
significado completamente diferente do usado hoje em dia, sempre com uma
conotação tão baixa e preconceituosa.
O que presenciamos na atualidade são atitudes que
se enquadrariam perfeitamente nos padrões de comportamentos medievos. Em que
pese o desuso da fogueira, utiliza-se, hoje, a perseguição e muitas vezes o
assassinato cruel. Não vivemos mais o tempo dos inquéritos da Santa Inquisição,
mas de forma alguma foi abandonada a devassa na vida privada das pessoas e a
discriminação que nos priva da igualdade como se fôssemos cidadãos de segunda
categoria.
Hoje vivemos em uma sociedade civilizada, em que o
homem construiu tecnologias, superando limites impostos pela própria natureza,
mas apesar de tudo, quando se fala em direitos fundamentais, esbarramos em
valores, tabus e preconceitos que não se justificam em uma sociedade que
pretende ser igualitária, justa e democrática.
Atualmente, boa parte da população vive em situação
de degradação naquilo que se refere aos direitos básicos de cidadania, sendo
que tais direitos, como é o exercício da sua sexualidade, são negados por esta
mesma sociedade que usufrui de sua produção cultural, intelectual, científica,
técnica, política, entre outras. Esta sociedade deve refletir sobre seus
conceitos, valores e repensar suas posições políticas frente aos direitos
fundamentais da cada cidadão.
Segundo dados do Relatório Kinsey, esta parcela
populacional é bastante significativa. Kinsey apresentou dados em seu relatório
dos anos de 1948 e 1953, que
para a nossa época encontram subestimados devido à maior liberação sexual e
neles aparecem as seguintes cifras:
- 37% dos homens tiveram alguma experiência
homossexual que os levou até o orgasmo (13% para as mulheres)
- 25% dos homens tem experiência homossexuais
prolongadas
- 18% tem, no mínimo, tanto as atividades
homossexuais quanto as heterossexuais
- 13% tem mais relações homossexuais que
heterossexuais durante pelo menos três anos
- 8% dos homens são exclusivamente homossexuais
durante pelo menos três anos
- 4% dos homens são exclusivamente homossexuais
durante toda a vida
Mas, Srs. Vereadores, o dado mais impressionante é
que 50% dos homens não são exclusivamente heterossexuais durante a vida
adulta, sendo que para as mulheres a cifra é de 28%.
Kinsey conclui seus estudos constatando a existência
de vários comportamentos sexuais, sendo a homossexualidade bastante praticada,
exclusivamente ou não.
Sabemos que a discriminação e o preconceito se dão
de várias formas; formas estas que estão enraizadas no nosso cotidiano e que na
maioria das vezes se apresentam de maneira velada, dificultando o seu
questionamento. Uma das formas mais graves em que esta discriminação se
manifesta é a violência que ocorre, diariamente, contra os homossexuais.
Segundo estatísticas do CGB (Grupo Gay da Bahia) houve mais de 1.200
assassinatos de conotação homofóbica nos últimos doze anos. Estas mortes, de
extrema violência, só se justificam pelo preconceito absolutamente arraigado na
cultura masculina dominante. Tal fato vem vitimando pessoas em todos os
segmentos da sociedade. O Brasil inteiro soube do Renildo José dos Santos foi
morto duas semanas após ter assumido que era bissexual. Mas não precisamos
exemplificar com Renildo, pois anexamos a este pronunciamento uma lista com
mais de 80 gays gaúchos assassinados nos últimos anos, sendo que de março de 93
até agora, a imprensa noticiou a morte de quatro portoalegrenses: Dirceu dos
Santos, Leonel Lajes, Waldemar Mobert e Jaimes Joanal, todos brutalmente
assassinados e cujos matadores continuam impunes.
O que pensam os Vereadores presentes a respeito?
Entendemos que posturas como as expressas na
matéria ‘Vereador do PT quer
homenagear a pederastia de Porto Alegre’, publicada recentemente no Jornal
Kronica, e que são referendadas por manifestações da parte de alguns membros desta
Casa, apenas contribui para o senso comum, que legitima tais atos de violência.
Os Srs. Vereadores, que se julgam reprodutores da cultura, devem repensar sua
postura no sentido de não se reafirmar idéias como a do autor da referida
matéria que, ao vomitar toda a sua ignorância, afirma categórico que as
prostitutas e os pivetes são segmentos menos relevantes da sociedade e,
portanto, não merecedores de ter voz junto a esta Casa.
Espero com a nossa participação ter contribuído
para uma maior informação dos Srs. Vereadores, no sentido de garantir a
alteração do artigo 150 da Lei Orgânica de Porto Alegre, no que se refere a
inclusão da NÃO DISCRIMINAÇÃO POR ORIENTAÇÃO SEXUAL.
Desejamos também que em tempo breve não mais
necessitemos ocupar espaços como este, para reivindicar o que, basicamente, é
nosso direito inalienável: o nosso direito de CIDADANIA. Obrigado.
GAPA/NUANCES - Grupo Gay, Lésbico, Bi pela
Cidadania, O babado é forte.”
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Pedro Américo Leal.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exmo Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu não pretendia usar a tribuna, principalmente sobre este assunto. Sendo doutorado em psicologia clínica e tendo exercido a função, a minha compreensão sobre o assunto é muito específica e muito técnica; não que esteja citando aqui para me elevar, mas para ancorar o problema, como é moda hoje em dia, para dar essa referência. Até hoje não se tem um rumo certo, uma noção exata sobre a homossexualidade, característica, tendência sexual anormal da criatura humana. As porcentagens todas aqui citadas pelo jovem são verdadeiras; talvez não precisamente, mas são verdadeiras. ‘Onde reside essa inspiração, esse desafio ou esta orientação sexual desviada do símbolo oposto? Numa imagem da psicologia evolutiva? Da escola Freudiana? Ou, talvez, da ambioterapia, da conduta através da lida com outro semelhante ou mesmo dentro da constelação familiar? Perderíamos aqui em conjecturas porque até hoje não se tem uma fórmula certa. Cromossômica? Genética? Sim, talvez. O homem tem “XY”, logo divide, nos seus caracteres genéticos, muito mais que a mulher, uma tendência bissexual. O que me surpreende, Sr. Presidente, é a insistência sobre o assunto. Na primeira intervenção, dias atrás, escutei o jovem, muito corajoso, muito zeloso pela sua condição, e os Vereadores que inspiram isso, com muito respeito. Mas não posso admitir que tenhamos aqui a segunda reunião sobre o mesmo assunto, a terceira ou a quarta. O tema não merece cuidados desta monta dentro de uma Casa que, repito, não discute assuntos políticos; discute encaminhamento de projetos e no trânsito pelo encaminhamento de projeto, discute-se política. Por isso não conquista, ao meu ver, nenhuma projeção dentro da imprensa municipal, estadual e, muito menos, nacional. Nem pensava em vir à tribuna para impactuar o jovem, que até elogiei da última vez pela coragem, pela oportunidade que teve de vir à tribuna. Agora, Sr. Presidente, V.Exª sabe dos cuidados que tenho, assim como todos os outros Vereadores, com a Casa. Nós não podemos ficar repicando o assunto. Srs. Vereadores, até quando V.Exas vão trazer o assunto à tribuna da Câmara Municipal? Até quando e por quê? Por que insistir?
Já ouvi, com muito respeito e fiz um pronunciamento
situando a minha posição. Hoje, outra vez. Escuto mais intensamente o seu
retorno. Muito bem, acho que não há orgulho nenhum em ser “gay”. Creio que deve
haver, sim, uma convicção. Eu os respeito, até como especialista na matéria.
Acho que orgulho não cabe, convicção sim, posição. Nunca os meus olhos seguiram
um moço “gay” ou uma jovem lésbica com desrespeito ou afronta, porque, mais
como profissional, não posso fazer isso. Mas não posso, como Vereador, Sr.
Presidente Wilton Araújo, ver V.Exª presidir mais uma Sessão sobre o mesmo
problema. Nós temos mais o que fazer. Fico até imaginando com que intenções
trouxeram, pela segunda vez, à tribuna e à consideração de Vereadores, o mesmo
assunto. Vou ouvi-lo pela terceira, pela quarta vez? Repito, não há orgulho,
absolutamente, há convicção, há postura, há posição. E nós, trinta e três
Vereadores, nos corredores, nos gabinetes, nunca ouvimos nenhuma referência
desairosa sobre aqueles que, dentro de sua conduta sexual não têm, como padrão,
a normalidade. Não nos cabe discutir. Repito: V.Exª não pode admitir se discutir
o assunto pela terceira vez. Não o estou advertindo, Sr. Presidente, estou
colocando a minha posição. Eu também tenho orgulho de ser Vereador e tenho o
direito de dizer que o assunto deve ser encerrado aqui e hoje. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Motta do Partido dos Trabalhadores.
O SR. JOÃO
MOTTA: Sr. Presidente. Srs. Vereadores, representantes do GAPA,
companheiros da comunidade gay em Porto Alegre.
Eu diria, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Ver.
Pedro Américo Leal, que nós falaremos tantas vezes quantas forem necessárias,
aqui neste Plenário ou em qualquer lugar desta Cidade, enquanto nós convivermos
com preconceitos e pré-idéias a respeito não só deste tema, mas de muitos
outros temas, porque nós estamos na marcha da contramão, da realidade social e
contramão em relação à própria história da humanidade, hoje. É muito curioso
que alguns Vereadores se calcem no chamado conhecimento técnico e científico
para fundamentar determinada opinião, mesmo quando se possibilita que venha
alguma entidade aqui, ou algum indivíduo ou cidadão de Porto Alegre nos passar
mais informações e conhecimentos sobre determinado assunto, porque a grande
característica, infelizmente, da média dos Vereadores de Porto Alegre, é
desconhecer o assunto. A experiência que nós temos sobre vários temas, quando
se discute aqui na Câmara, é o nosso desconhecimento e não há nenhum mal nisto,
razão pela qual em vários momentos nós somos obrigados e estudar e nos valer
das nossas assessorias técnicas que são especializadas em determinados assuntos
e temas. Eu mesmo tive que me valer, sobre alguns assuntos, de várias reuniões
para poder fazer o debate, como por exemplo, citando dois assuntos: a questão
do aborto, tido como tabu. O planejamento familiar foi um deles, o que exigiu
várias reuniões de minha parte para tomar conhecimento do assunto, então acho
que não dá para nós, Ver. Pedro Américo Leal, com todo o respeito,
estabelecermos este tipo de afirmação ou de relação, quer dizer, quando nós
estamos exatamente tentando fazer isso, ou seja, possibilitar que o Plenário da
Câmara Municipal de Vereadores, que em grande parte ainda não tem informação
sobre alguns aspectos desta problemática, alguém vem aqui, com a cautela que
estamos tendo sobre o assunto e tentar transmitir aos Srs. Vereadores limitadas
informações, aí nos taxaremos: “não é possível discutirmos esse assunto, eu já
tenho conhecimento etc”. Isto significa, na minha opinião, reafirmar o
preconceito, a pré-idéia, inviabilizar que tenhamos o conhecimento sobre o
assunto. Portanto, é importante fazermos esta reflexão sobre a forma que alguns
Vereadores propõem, que nós estabeleçamos a relação com o conhecimento.
Em segundo lugar, é lamentável que não tenhamo-nos
debruçado sobre outro aspecto dessa discussão que é o preconceito na legislação
brasileira. Citarei dois exemplos. Fiquei estarrecido, há quinze dias, quando
tomei conhecimento de que, no Rio Grande do Sul, só existe uma Lei Orgânica que
proíbe a discriminação por orientação sexual. Isto é vergonhoso e só reforça a
fama de que o Rio Grande do Sul é um Estado machista e preconceituoso com
relação às práticas sexuais alternativas, como é a prática homossexual. Somente
a Lei Orgânica de Sapucaia proíbe este tipo de discriminação. É lamentável que
vivamos numa Cidade do porte de Porto Alegre, que se pretende uma Cidade
contemporânea e moderna, com este tipo de visão hedionda, sob o ponto de vista
legislativo.
Peguemos outro exemplo: é lamentável que o Código
Civil Brasileiro ainda hoje considere que o chefe da família seja apenas e
tão-somente o homem. Isto é um absurdo, quando já temos decisões dos tribunais
brasileiros concedendo pensão alimentícia para homens! É evidente que a
realidade social avançou e que hoje grande parte das mulheres são as pessoas
que sustentam economicamente a família. Este é assunto que devemos discutir; o
preconceito na legislação brasileira e na legislação de Porto Alegre.
Para concluir, foi curiosa a coincidência de que esta Tribuna Popular tenha coincidido com os episódios que todos os jornais hoje estampam no País todo, que é o início do genocídio dos Ianomâmis, no norte do Brasil. São aproximadamente 50, não se tem ainda o número exato de quantas pessoas foram assassinadas violentamente. Citou aqui que são aproximadamente cinqüenta homossexuais mortos, no Rio Grande do Sul, nos últimos anos. Ontem nós convidamos e contamos com o representante do Movimento Negro. Ele passou-me alguns dados e são assustadores os dados de mortes e violência contra os negros. São cotidianas as violências contra as mulheres. Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é evidente que esta Câmara Municipal de Vereadores não pode ficar omissa à violência que se faz, nessa sociedade, com relação à etnia, como é o caso dos Ianomâmis e com relação a vários outros grupos sociais como são os homossexuais, negros e mulheres.
É por isso que é pertinente, sim, nós discutirmos,
na Câmara Municipal de Vereadores, essa questão. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann para falar em nome do Partido Popular
Socialista.
O SR. LAURO
HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a posição do meu Partido é
muito conhecida por estes agrupamentos que se diferenciam na sociedade, especialmente
os que estão hoje aqui presentes e são objeto dessa discussão. Nós temos
absoluto respeito por estes grupos diferenciados e é esse respeito que nós
queremos manifestar, mais uma vez, da tribuna. É evidente que se trata de uma
realidade social, de um grupamento social que não pode ser ignorado. Nessa
condição, nós também advogamos pela absoluta necessidade de estarmos aqui a
discutir essa condição e o encaminhamento mais correto possível desses grupos
no processo político que se desenrola neste País. Não se trata de exaltar
atividade, se trata de respeitá-la, de encaminhá-la, no seu devido termo, ao
lugar que lhe compete; a sua função política, também, na sociedade, é esse o
aspecto que nós cuidamos. Por isso, Srs. Vereadores, nunca será demais discutir
esse e outros assuntos parecidos, por mais que possam parecer impróprios. Este
é um fórum democrático, a sociedade, aqui, se representa integralmente e aqui é
que são necessárias essas discussões, até para encaminhamento mais correto
possível das pretensões, das atribulações que afetam esses grupos minoritários.
Por isso, Srs. Vereadores, não temos o direito de esconder esses assuntos, de
varrê-los para baixo do tapete.
O Sr. Pedro
Américo Leal: Não é isso que está sendo discutido.
O SR. LAURO
HAGEMANN: Respeito a opinião de V.Exª, mas quero dizer da nossa opinião,
desta tribuna, pela primeira vez, porque da outra não pudemos estar presentes.
Quero que o grupo que aqui está presente hoje, representado pelo GAPA, tenha
essa certeza da nossa compreensão. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Inscreve-se o Partido Comunista do Brasil. Com a palavra a Verª
Maria do Rosário.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, companheiros do GAPA, que aqui
representa uma comunidade, uma parcela significativa da sociedade, para a qual
os legisladores, os homens públicos, as pessoas que fazem as leis, as pessoas
que contribuem para pensar a Cidade, o País, não podem fechar os olhos.
Parece-me que essa discussão - tenho alguma estranheza pela dificuldade que
existe em se avançar nessa discussão, pois se diz que estamos voltando a ela -
deve voltar, sim. Ela não pode parar, não podemos parar de dizer que existe
discriminação, enquanto houver. E sobre o tema específico, já me pronunciei ao
Ver. João Motta, a nossa posição, a posição do PC do B, é de que os diferentes
grupos sociais têm o direito de se orgulhar do que são. É bom, é positivo, é
salutar que a gente se orgulhe do que é. Nós queremos que as mulheres se
orgulhem de serem mulheres e que tenham respeito assegurado nesta sociedade.
Queremos que os negros possam se orgulhar de sua cultura, da sua história e
dizer: “Somos negros, estamos dando uma contribuição para esse País”,
importantíssima, e que sejam reconhecidos como tal. E assim com todos os
segmentos. Então, nos parece que é extremamente absurdo que não se procure
abordar com todo o respeito devido, porque não adianta dizer que tem respeito e
não reconhecer o direito dessa parcela da sociedade que se orgulha de ter a
orientação sexual que optou ter.
Eu acho que esse é um princípio básico, é um
princípio humano. Nós não podemos falar a respeito do cidadão, se não falarmos
da liberdade dele fazer suas opções e se orgulhar de apresentá-las à sociedade,
e ser respeitado como tal, não precisar mentir para a sociedade, mas se
orgulhar e ser respeitado como tal.
Então, eu queria deixar esta nossa posição aos
Senhores, e dizer que podem contar conosco, e eu tenho certeza de que esta
Casa, avançando na discussão, há de ter uma postura adequada de debate, assim
como fez prever a Lei Orgânica Municipal, que pode ser cassado o alvará de
funcionamento de estabelecimentos que promovam discriminação sexual. Vamos
avançar na discussão, no posicionamento claro contra qualquer tipo de discriminação
na ordem da orientação sexual. Muito obrigado.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: Não há mais inscrições por parte dos Partidos para falar sobre
o assunto da Tribuna Popular.
Nós agradecemos a presença da GAPA, mais uma vez
entre nós trazendo informações preciosas sobre esse e sobre outros assuntos, e
esta tribuna vai estar sempre aberta para este tipo de manifestação.
Eu solicito ao 1° Vice-Presidente, Ver. Luiz Braz,
assumir a Presidência para que eu possa fazer uma Comunicação de Presidência.
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Com
a palavra o Ver. Wilton Araújo em Tempo de Presidência.
O SR. WILTON
ARAÚJO: Sr. Vice-Presidente no exercício da Presidência, Senhores
Vereadores. Nesta Comunicação de Presidência hoje gostaria de levar ao conhecimento
da Casa, embora o ofício que eu vá me referir já tenha constado do Expediente,
e é datado do início de agosto - dia 3 de agosto - assinado pelo Sr. Prefeito
Municipal e, nesse Ofício, o Sr. Prefeito Municipal dá conhecimento à Casa de
que não vai cumprir a Lei Complementar n° 295, que trata sobre o índice de
custo do DMAE, que foi aprovada por esta Casa. O Prefeito Municipal tem um a
visão distorcida do que é cumprir leis ou deixá-las de cumprir. Parece-me que
essa visão se espalha pelo seu secretariado. Nesta semana, tivemos o
comparecimento do Sr. Secretário Municipal dos Transportes, nesta Casa, e ele
disse, e reafirmou com convicção essa mesma posição que o Prefeito dá, aqui,
neste Ofício. Então, não é, Srs. Vereadores, só a visão de um talvez pouco
preparado Secretário que veio a esta Casa, mas é a visão do Governo do
Município. Por isso utilizo o Tempo de Presidência dada a gravidade do assunto
que passa a ter nesta Casa. A Câmara Municipal já deu prazo e esse prazo
caminha célere, 20 e poucos dias nos separam do prazo fatal, dado por esta Casa
ao Prefeito Municipal, para o cumprimento de leis relacionadas em um Parecer da
Comissão de Justiça, aprovada por este Plenário, apresentada pelos Vereadores
Isaac Ainhorn e Jair Soares, de leis não cumpridas e não regulamentadas nos
anos de 1991/1992. Mas essa é a primeira vez que o Prefeito Municipal reconhece
e diz que não vai cumprir uma lei pelo seu mérito, embora não tenha vetado,
embora não tenha questionado na Justiça. Não é possível a Casa aceitar esse
tipo de argumento.
Diz o Prefeito: “Sucede que o acompanhamento da
evolução do preço básico do DMAE indica uma defasagem adicional de 45% na
tarifa prática. E, considerando grave o momento econômico por que passa a
Nação, seria desaconselhável a imposição de tão elevado gravame ao orçamento da
população.” Ora, faz um juízo antecipado de qual seria a posição dos Srs.
Vereadores, quando da apreciação de um projeto de lei desta Casa. Diz o
Prefeito, por outras vias, que manda o projeto de lei. A Lei Complementar
obriga, em um dos seus artigos, vir a esta Casa até o dia 3 de agosto, data do
ofício - expirava o prazo e ele manda o ofício, em vez de mandar o projeto -
ele faz um pré-julgamento da posição da Casa, quando diz que o índice mandado
pelo Executivo seria integralmente aprovado. E ele, projeto que sequer
conhecemos, que não está na Casa, diz que este projeto aumentaria em 45% a
tarifa.
Ora, que barbaridade! Como pode o Prefeito supor,
não cumprindo a lei, que a Casa aprovaria um projeto que não conhece.
Não há mais como conviver com este tipo de visão
das leis. A Câmara chegou ao momento de se posicionar clara e firmemente; ou se
cumprem as leis, ou vamos obrigar, via legislação, Lei Orgânica e Constituição,
que se cumpram as leis. Não há mais possibilidades, Srs. Vereadores.
O Prefeito Municipal tem prazo para dizer por que
não cumpriu as leis de 91 e 92, mas não tem mais prazo, no meu entendimento,
para deixar de cumprir esta lei. E mandei fazer um levantamento, não é a única
no ano de 93 que não está sendo cumprida, existem mais duas.
A Casa precisa ter uma posição firme, decidida,
definida.
Por isso, trago a este Plenário a discussão desse
assunto, para que objetiva e definitivamente passe-se a cumprir a legislação em
vigor.
O Sr.
Jocelin Azambuja: V.Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Caro
Presidente, nos manifestamos no sentido de nos solidarizarmos com a
manifestação de V.Exª. E vemos que foi acertada a nota 1 que demos ao Governo
Municipal nas relações com a Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Dissemos que
a nota 1 seria por não ter sido totalmente inerte, mas que, realmente, é grave
e eu não havia conhecido ainda um Prefeito que desrespeitasse tanto esse Poder
Legislativo. Temos que tomar posições fortes.
Vi isso refletido na própria manifestação do
Secretário Municipal dos Transportes que veio a esta Casa sem conhecimento de
legislação, sem conhecimento das relações de respeito com esta Casa, sem
conhecimento das relações mínimas de conduta de manifestação e isto demonstra
realmente a orientação que vem sendo dada pelo Prefeito aos seus Secretários. O
que é realmente grave, extremamente preocupante e a Bancada do PTB acha que,
realmente, esta Casa tem que se posicionar forte. E não podemos mais continuar
aceitando do Sr. Prefeito Municipal essa postura autoritária, desrespeitosa e,
o mais grave, de um governo dito popular que vem desrespeitar as leis, as
Constituições, a Lei Orgânica Municipal. Realmente não podemos aceitar e tem
V.Exª a solidariedade da Bancada do PTB para darmos um novo encaminhamento a
estas relações que hoje pesam entre o Executivo e o Legislativo.
O Sr. João
Dib: V.Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) A Secretaria do
Governo é a que intermedeia as ações do Executivo e do Legislativo. E quando de
falar em leis, deve-se falar na secretaria do Governo mal dirigida pelo Sr.
Jorge Anglada Ponte. Porque neste caso que V.Exª cita, ele deveria ter
assessorado o Prefeito, ainda houve o projeto de lei que deveria ser
encaminhado e sobre o qual o Prefeito silencia: os prazos de pagamento das
contas do DMAE. Já tramitou processo nesta Casa e pedimos que não fosse feito e
que deixasse o DMAE fazer. Está aí e ele não falou nesse outro.
O Sr. Milton
Zuanazzi: V. Exª me permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Presidente, o que V. Exª está colocando da
tribuna é algo muito grave e que me faz repensar em toda a nossa relação com o
Executivo. Acho muito grave e acho um caminho muito complicado e desafiador,
que francamente não gostaria de ter essa
atuação com esse nível de embate com o Poder Executivo.
O SR. WILTON
ARAÚJO: Nesse sentido, Srs. Vereadores, fui assessorado pela Auditoria da
Casa, que nos dá sustentação. Mas gostaria de encaminhar esse processo - e é o
que vou fazer - à Comissão de Justiça desta Casa para que ela, rapidamente,
orientasse esse Plenário, para que nos desse qual o caminho, o caminho mais
eficaz, o caminho legal, orgânico, constitucional de como deveremos encaminhar
essa questão de forma definitiva. Não pode mais a Casa ser tratada dessa forma
pelo Executivo Municipal. Ou o Executivo cumpre as leis ou tenta modificá-las,
através de projetos de lei. Mas eu gostaria de pedir que a Comissão de Justiça,
em assessorando este Plenário, tivesse celeridade suficiente e necessária para
que o assunto que trazemos seja, na próxima semana, já levado ao conhecimento
deste Plenário e tomada uma decisão soberana pela maioria dos Srs. Vereadores.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Questão de Ordem com o Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr. Presidente, fui o autor do Parecer da Comissão de Justiça que
orientou o estudo da Questão de Ordem dos Srs. Vereadores Isaac Ainhorn e Jair
Soares, a respeito das leis não regulamentadas pelo Sr. Prefeito Municipal.
Faria uma sugestão, já que V.Exª mesmo decidiu que vai enviar esse problema
também para a Comissão de Justiça: sugiro que tratássemos as duas questões -
que muito embora pareçam distintas, são
parecidas - num mesmo processo. É um apelo que faço a V.Exª.
O SR.
PRESIDENTE: Vereador, o Presidente entendeu que eram diferentes, não é uma
simples falta de regulamentação. Essa lei está sendo descumprida porque não
precisa ser regulamentada, e um de seus artigos diz objetivamente que até o
prazo, 3 de agosto, deveria ter sido enviado a esta Casa um Projeto de Lei
estabelecendo o índice de custo do DMAE, o que não foi feito. Então, não
necessita regulamentação; me parecem assuntos diferenciados. É claro que a
Comissão, no seu saber, na sua experiência, na sua discussão, vai saber
auxiliar bem este Plenário. É nesse sentido que eu encaminho para que a
Comissão dê, no mais breve espaço de tempo, a este Plenário, subsídios para
dirimir essa polêmica. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Verle.
O SR. JOÃO
VERLE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou tentar, rapidamente, recuperar
a origem deste dispositivo. Quando se votou o realinhamento de preços das
tarifas do DMAE, cerca de 38%, em maio e junho, houve aqui nesta Casa uma
grande discussão como corresponde a uma medida desta envergadura. Se
apresentou, como argumento básico para esse reajuste, que a comparação entre os
índices de preços calculados pelos vários institutos e o índice de custo do
DMAE, dava uma defasagem correspondente ao percentual do reajuste. Então, uma
das emendas apresentada pelo Ver. Zanella foi, exatamente, a exigência de
encaminhamento a esta Casa do Projeto do índice do DMAE, para, no meu
entendimento, comparar os índices de custo e verificar se efetivamente se
justificava esse reajuste, se havia essa diferença. Inclusive estabeleceu, se
não me equivoco, tenho a Lei aqui na minha frente, que seria aprovada
determinada alteração para menos nos percentuais de realinhamento de tarifas,
devendo o DMAE restituir aos consumidores o valor cobrado a maior, caso esse
percentual não se justificasse. O entendimento do Executivo é que era
necessário comprovar essa defasagem e o Executivo junta, aqui, os comprovantes
de que esta defasagem não era de 38, mas era, inclusive, superior. Entendeu,
portanto, que a remessa de um projeto de lei certamente, se fôssemos adotar o
índice significaria um aumento adicional na tarifa. E por isto o Prefeito diz,
no seu ofício, que bastaria o esforço que estamos dando conhecimento a esta
Câmara da metodologia do índice e nos abstemos de pleitear, neste momento, a
provação que implicaria num novo aumento real no preço da água.
Nós temos aqui, o Executivo, um entendimento que o
cumprimento da lei seria prejudicial aos consumidores. É claro - e aqui disse o
Ver. Wilton Araújo - que neste caso a Câmara não aprovaria o Projeto. Bom,
então, para que mandar um projeto que de antemão já se sabe não será aprovado.
Eu penso que talvez pudéssemos dirimir completamente as dúvidas convidando o
Diretor Geral do DMAE para que faça, aqui, uma exposição detalhada do índice
dos percentuais correspondentes, e, se a Casa entender ainda necessário remeter
o Projeto do índice, penso que não haveria dificuldades que o Executivo o
fizesse. Mas é importante estabelecer aqui que o Executivo teve o cuidado de
mandar um ofício explicando, apresentando os dados e os números para que não
houvesse dúvidas. Não deixamos simplesmente de cumprir uma lei. Senão, o que se
disse a esta Casa: que cumprir a lei significaria penalizar mais os consumidores
de Porto Alegre. E por isto estava dando conhecimento dos índices e estava
dizendo que, apesar de que não sobre dinheiro no DMAE, neste momento se avalia
que não é conveniente um novo aumento real de tarifa e que é, portanto,
possível administrar a escassez do DMAE sem esta nova lei que seria necessária.
Logo, não poderemos, nesta Casa, que é soberana, tomar as deliberações que
julgamos conveniente. E estamos sugerindo que, quem sabe, se convide ou até
tomaríamos a iniciativa de sugerir pela Liderança do Partido, ao Diretor Geral
do DMAE para que venha esclarecer com os técnicos, em detalhe, esse índice para
mostrar que aquele aumento pleiteado não só era pertinente como, inclusive, o
índice indicaria a necessidade de um maior reajuste. Então, mandar um projeto
de lei para não ser aprovado, nos pareceu desnecessário. Mas, se esta Casa
insistir, não tendo nenhuma dúvida de que o Executivo o fará. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Solicito que o Ver. Milton Zuanazzi ocupe a
presidência, porque vamos usar o tempo de Liderança do Partido.
(O Sr. Milton Zuanazzi assume a Presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Milton Zuanazzi): Com a palavra o Ver. Luiz Braz, pela
Liderança do PTB.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Rui Barbosa tem uma frase que
define, exatamente, essa atitude do Governo Municipal. Diz: “Os homens bons
devem cumprir as leis más para que os homens maus cumpram as leis boas.” Não
cabe ao Sr. Prefeito Municipal e a nenhuma Administração escolher qual a lei
que deve cumprir e qual a lei que não deve cumprir. As leis foram feitas para
serem cumpridas.
Não é a Administração do PT, toda soberana, para
dizer que essa lei ele vai cumprir porque essa vai fazer bem à Cidade; aquela
lei não vai cumprir porque aquela lei não fará bem à Cidade. Ora, por que
existe essa Câmara Municipal? Por que existem os Legislativos? Por que existe o
Judiciário? É lá no Judiciário que cabe discutir se a lei que está sendo
aplicada ou que foi vetada, por esta Casa, é inconstitucional ou não é
inconstitucional. Agora, se tem mérito ou não tem mérito, essa discussão cabe
apenas a esta Casa. É esta Casa, quando está discutindo as leis, que se a lei
tem mérito, se ela deve ser aprovada, e se for aprovada, tem que ser sancionada,
a não ser que seja inconstitucional. Se for inconstitucional, ela vai ser
vetada, vai voltar para esta Casa, esta Casa tem o poder de derrubar o veto;
derrubando o veto a lei vai ser promulgada. E aí, se o Sr. Prefeito Municipal
não quiser cumprir a lei, ele vai para o Judiciário e faz argüição de
inconstitucionalidade da lei. Fora disso, não existe mais nada.
O Sr. Prefeito Municipal não pode, ao seu
bel-prazer, dizer assim: “Bom, esta lei vai causar prejuízo à Cidade” ou “não
adianta eu mandar um projeto de lei para obedecer o texto que foi aprovado pela
Câmara Municipal, porque se eu mandar um projeto de lei para a Câmara, esse
projeto de lei já não vai ser aprovado mesmo, então não adianta mandar.” Aliás,
não é a única lei aprovada por esta Casa que não está sendo cumprida pelo
Prefeito Tarso Genro.
Nós temos uma lei, aprovada na Legislatura passada,
que o PT não gosta muito: Hino Nacional nas escolas públicas municipais. Nós
quisemos que voltasse o nacionalismo, o civismo, e o PT não gosta muito disso.
O PT gosta é que a Internacional Socialista seja tocada em lugar do Hino
Nacional Brasileiro. É isso que o PT gosta!
Mas, como aprovamos que o Hino Nacional Brasileiro
fosse tocado nas escolas municipais, o PT não cumpre a lei. A reivindicação que
eu faço a esta Casa, e ao Presidente Wilton Araújo, é que não apenas essa lei
citada pelo Ver. Wilton Araújo, que não está sendo cumprida, possa ser
discutida, mas que façamos um apanhado de todas as leis que não estão sendo
cumpridas pelo Prefeito Municipal, todas elas, para que possamos, como Poder
deste Município, fazer uma ação conjunta, a fim de que o Sr. Prefeito Municipal
cumpra com a sua obrigação. Ele não está fazendo favor nenhum, cumprindo as
leis aprovadas por esta Casa. Ele não pode continuar desrespeitando essa Casa.
Já havia desrespeitado outras vezes.
Quando aprovamos aquele Parecer, com 21 votos a
favor, e 9 contra, dizendo que ele deveria ter um prazo de 30 dias para
responder o porquê não regulamentava as leis aprovadas por esta Casa, nós
estávamos, pela primeira vez, dando uma oportunidade para que falasse em
público, que iria voltar a ter boas relações com o Legislativo.
Ele não quis aproveitar esta oportunidade e, além
disto, continua não cumprindo as leis, aprovadas pela Câmara Municipal.
Por isto, acreditamos que a este pedido de
Presidente da Casa, para que a Comissão de Justiça possa averiguar esta lei,
alusiva às tarifas do DMAE, possam ser somadas outras leis não cumpridas,
porque o PT que costumou fazer ditadura na época do Dr. Olívio Dutra, quando,
através daquele Orçamento Participativo acabou dominando toda a Cidade e
eliminando, praticamente, a ação desse Legislativo, não pode continuar mandando
e estragando esta Cidade.
Até quando nós vamos aturar estas ações ditatoriais
do PT? Isso tem que parar! Temos que colocar um fim em tudo isso! Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando o ilustre Ver. Luiz Braz
iniciou o seu pronunciamento falando em Rui Barbosa, eu pensei que ele
começaria a dizer: “de tanto ver triunfar as nulidades, concluiria que o homem
chega a rir-se da honra e ter vergonha de ser honesto”, mas não foi isso, ele
tinha outra frase realmente importante: “que a lei tem que ser cumprida.” Eu
até sou contrário a tantas leis que fazem aqui, mas o Sr. Jorge Anglada Pont,
Secretário do Governo Municipal, é um incompetente, ele só sabe se esconder
atrás da saia da imunidade para agredir os seus semelhantes porque de lei ele
não sabe nada, e é o Secretario de Governo que tem a responsabilidade das
mensagens que o Prefeito envia à Câmara Municipal! Ele, mais uma vez, demonstra
toda a incompetência que possui, até porque no caso presente, além desse
problema tentado explicar pelo Prefeito, tentou explicar só, ele explicou o
art. 4° que aumentaria o preço das tarifas, mas o art. 5° diz: “O Executivo
Municipal encaminhará, em um prazo de sessenta dias, um projeto de lei
regulamentando o período de vencimento das contas de água, compatibilizando os
interesses da autarquia e dos consumidores.” Esse não foi citado. Mais uma
prova da incompetência do Sr. Jorge Anglada Pont e quando o ilustre Ver. João
Verle vem a esta tribuna e diz que a tarifa do DMAE poderia aumentar, conforme
diz o Sr. Prefeito Tarso Genro, em 45%, e que seria contra a população, saibam
os senhores que, no meu entendimento, contra a população é a tarifa que não é
justa. Não importa o custo, tem que ser justo porque se não pagarem o justo
preço, o DMAE, descapitalizado, vai deixar de fornecer água. Eu não tinha visto
burrice tamanha ao fazer uma afirmativa dessas, mas é claro que pode fazer
todas as afirmativas que quiser. Quando o DMAE tinha 200 bilhões de cruzeiros,
agora 200 milhões de cruzeiros reais no sistema financeiro.
Claro, pode até dizer que não sobe tarifa. Acho que o DMAE tinha que fazer o que este art. 4° determinava: se o custo fosse abaixo daquele que aqui foi atualizado, nós exigiríamos a devolução daquilo que foi cobrado a mais. Então, aí ele se preocupou. Só por isso. Agora, Ver. João Verle, esta Casa tem Vereadores extremamente capazes de analisar qualquer projeto que o DMAE mandar. Saberemos se é necessário ou não dar reajuste ou realinhamento, como queira V.Exª. Agora, realmente, tivemos, tristemente, um envolvimento por afetividade, e defendemos o realinhamento da tarifa do DMAE, para depois saber que ele tinha 200 bilhões de cruzeiros no sistema financeiro. Esta é uma coisa que me entristece profundamente. Quanto à tentativa de estabelecer um projeto de lei sobre custos e tarifa d’água, isso já passou na Casa, já o DMAE demonstrou, só que não conseguiu provar. Já temos documentos. Eu tenho vários, todos os Vereadores da Legislatura passada devem ter uma porção deles. Nós temos competência, sim, para dizer que a tarifa, obrigatoriamente, tem que ser justa. E justa, não interessa quanto é. Se o Prefeito achar que o povo está pagando muita coisa, não tem poder aquisitivo para pagar, ele que use aquele bilhão e meio de cruzeiros que está no sistema financeiro e dê um pouquinho para o DMAE, diminuindo a tarifa. Há muitas fórmulas, e não esta simplista de não cumprir a lei, e, em cima do prazo, mandar informação para o Presidente da Câmara de que não pode cumprir, porque significaria um aumento. Mas o que fazemos aqui? Dizemos amém ao que o Prefeito pretende? Ou ao que o Sr. Jorge pretende?
Tem aqui um Pedido de Informação. Vejam só a
burrice. Informação que fala em lei, a Secretaria do Governo tem que falar.
Feita uma obra irregularmente na esquina da Nova York com a 24 de Outubro, e
denunciada por mim há dois ou três meses, o Prefeito responde e assina: o
fundamento legal daquela obra é a Lei Complementar n° 135/86. Mas o art. 5°
dessa Lei diz que: “fica aberto o prazo de sessenta dias a contar da data de
publicação do Decreto de Regulamentação da presente lei, para os interessados
requererem a regularização de obras clandestinas ou irregulares”. E o art. 8°
diz que tem que ter documento do CREA, provando que a obra clandestina ou
irregular foi concluída em data anterior à aprovação dessa Lei Complementar.
Pelo amor de Deus, troquem o Sr. Jorge Pont por alguém da Prefeitura Municipal
que conheça um pouquinho de lei. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Passaremos ao período de Discussão Preliminar de Pauta.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Queria fazer um Requerimento a V.Exª de convite ao Sr. Diretor do
DMAE, porque a Emenda que originou a negativa de cumprimento da lei é minha.
Ela foi feita a pedido do DMAE. Eu fiz a Emenda e eles vão dizer, agora, que
não podem cumprir.
O SR.
PRESIDENTE: A Presidência registrou o requerimento de V.Exª.
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Jair Soares, utilizando o tempo de Liderança.
O SR. JAIR
SOARES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há poucos instantes assistimos a
um debate sobre o cumprimento de leis. Venho a esta tribuna dirigir ao
Presidente um ofício para o qual peço a atenção dos meus Pares. (Lê.)
“Senhor Presidente
o Vereador abaixo subscrito vem à presença de Vossa
Excelência dizer e, a final requerer, o seguinte:
1 - o Vereador NEREU D’ÁVILA levantou questão de
ordem, em 02 de abril de 1993, sobre interpretação do art. 12 da Constituição
do Estado;
2 - A Comissão de Constituição e Justiça apresentou
parecer sobre a matéria, aprovado em 18 de maio de 1993 na própria Comissão e
ratificado pelo Plenário em 24 de maio de 1993;
3 - O parecer adotou como seu o trabalho da
Auditoria da Casa.
4 - Tendo havido manifestação do Plenário, criou-se
jurisprudência sobre a matéria, que deve seguir a orientação soberana do
colegiado.
5 - Na sessão do dia 18 de agosto corrente, foi
aprovado requerimento do Vereador GERSON ALMEIDA, solicitando informações ao
Governo do Estado, sobre matéria não acolhida na legislação maior, ou seja,
sobre uso de telefones de propriedade da CRT por Secretários do Estado.
O assunto foge à atribuição da Câmara Municipal,
por não tratar de problema necessário para o exercício de sua função
legislativa e fiscalizadora sendo o requerimento manifestadamente
inconstitucional e ilegal, deveria ter sido devolvido ao Autor.
Assim, por ferir o artigo 12 da Constituição
Estadual, e nos termos do artigo 19 - II - letra c do Regimento Interno, não
poderia ser submetido à apreciação do Plenário.
Houve, portanto manifesto ERRO DE DIREITO, o que
torna nula a votação, o que requer seja declarado por essa Presidência, o que
lhe é conferido pelo art. 19 - I - letra N do Regimento Interno:
- ‘decidir sobre questões de ordem e, CASO OMISSO O
REGIMENTO’, determinar o registro das decisões para solução de casos análogos
futuros.
Essa Presidência, inclusive, declarou ao anunciar a
votação.
‘Esse parecer da Comissão de Constituição e Justiça
já foi aprovado pelo Plenário. Então, não cabe encaminhamento à Comissão de
Justiça.
Esse Plenário vai se posicionar, DADO QUE JÁ TEM
UMA DIREÇÃO, JÁ VOTOU, JÁ TEM REGRAS PREESTABELECIDAS. TANTO O PARECER DA
COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, QUANTO AS INFORMAÇÕES QUE A PROCURADORIA DO
ESTADO ENVIOU PARA ESTA CASA, COINCIDEM NA ORIENTAÇÃO’.
Pede Deferimento
Sala das Sessões, 19 de agosto de 1993.
(a) Jair Soares”
Srs. Vereadores integrantes da Comissão de
Constituição e Justiça, tenho pautado minha atuação, nesta Casa, nos termos do
juramento que todos fizemos no dia que assumimos a nossa cadeira. Há poucos
instantes, se tratava do descumprimento da lei. Quero me manter fiel, junto com
meus Pares, ao juramento que prestamos. Por outro lado, entendo, Sr.
Presidente, o vosso constrangimento por pertencer ao Partido hoje exercendo o
Executivo Estadual, mas louvo a sua atitude em deixar que o processo fluísse.
Mas nós, integrantes desta Casa, que queremos exigir dos outros que cumpram a
lei, precisamos dar o exemplo. É o que eu espero. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Recebemos o Requerimento e apregoamos também o Requerimento que
está sobre a mesa do Ver. Nereu D’Ávila, que solicita a renovação na votação
desse mesmo processo, desse mesmo requerimento. Recebemos o Requerimento do
Ver. Jair Soares e solicitamos à Auditoria da Casa, para que examine
rapidamente, para, logo após, darmos a nossa decisão final.
O SR. NEREU
D’ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, será colocado em votação o
pedido de renovação de votação, agora?
O SR.
PRESIDENTE: Não. Neste momento ainda não estamos na Ordem do Dia.
O SR.
DILAMAR MACHADO (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro a V.Exª, ouvido o
Plenário, que façamos a inversão dos trabalhos, ingressando, imediatamente, na
Ordem do Dia.
O SR.
PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Dilamar Machado. (Pausa.) O
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Solicitamos à Sra. 2° Secretária que proceda à
chamada nominal dos Srs. Vereadores para a verificação de “quorum” e entrada na
Ordem do Dia.
(A
Sra. 2° Secretária procede à chamada nominal.)
A SRA.
SECRETÁRIA: Há “quorum”.
O SR. PRESIDENTE: Passa-se à
Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando
Licença para tratar de assuntos particulares no dia de hoje. Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Estando presente no Plenário o suplente Darci
Campani e já tendo prestado compromisso, declaro-o empossado, informando que S.
Exª integrará a Comissão de Finanças e Orçamento.
DISCUSSÃO GERAL E
VOTAÇÃO
PROC. 0600/92 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR
DO LEGISLATIVO N° 05/92, do Ver. Antônio Hohlfeldt, que acrescenta
parágrafos ao artigo 1° da Lei Complementar n° 196, de 09 de fevereiro de 1989
e alterações posteriores.
Pareceres:
-
da CCJ, Relator Ver. João Motta:
pela aprovação;
-
da CFO, Relator Ver. João Verle:
pela aprovação;
-
da CUTHAB, Relator Ver. Lauro
Hagemann: pela aprovação;
-
da CEDECON, Relator Ver. Divo do
Canto: pela aprovação.
O SR.
PRESIDENTE: Em discussão o PLCL n° 05/92. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento de autoria do Ver. João Verle
solicitando seja o PLCL n° 05/92 dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os. Srs.
Vereadores que o aprovam permanecem sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento da Verª Maria do Rosário, solicitando
seja encaminhada ao Governo do Estado, aos Deputados Estaduais, à Diretoria e
aos Núcleos do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul,
CPERS/SINDICATO, de Moção de Protesto desta Casa ante a decisão do Governador
Alceu Collares de retirar o direito de cedência a professores que exerçam suas
funções como diretores dos núcleos do referido Sindicato. Em votação. (Pausa.)
Encaminha o Ver. Nereu D’Ávila.
O SR. NEREU
D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, somente para ilustrar a Casa do
que trata a matéria da Ilustre Vereadora.
A Assembléia Legislativa aprovou uma lei com seus
diversos artigos, onde ela permite: “Ficam dispensados dos exercícios e das
atribuições de seus cargos, funções, empregos, os servidores admitidos sob
regime estatutário e Consolidação das Leis do Trabalho, da Administração Direta
e Indireta, eleitos para exercer mandatos, confederação, federação, sindicato
ou associação de classe de âmbito estadual e federal”.
“Parágrafo Único: Será considerado como efetivo
exercício para todos os efeitos legais o período da dispensa.” Então a lei já
existe. A Assembléia aprovou um adendo à lei, onde diz: “Fica acrescentado à
Lei n° 900” - que é essa que acabei de ler - o seguinte artigo. (Lê:) “Fica
garantida a dispensa de, no mínimo, um representante por circunscrição
regional, nos casos em que as entidades adotarem essa forma de estrutura e
congregarem mais de 500 associados nas respectivas regiões”.
Então, o Sr. Governador, não concordando com esse
adendo, entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade desta lei. Por quê?
Porque os efeitos desta lei, este parágrafo aprovado, será catastrófico sob o
ponto de vista funcional. Por quê? Porque isso ensejaria, Srs. Vereadores, que
órgãos, por exemplo, como o CPERS, que tem quarenta e dois núcleos regionais e
que, se cada um dispensasse um funcionário que ficaria recebendo todos os
direitos, todos os avanços, todas as garantias, estaria dispensado do serviço
público a serviço da política da direção do CPERS, seja ela qual for. Traria
para órgãos, com a CRT, a CEEE, o IPE e todos esses organismos que tiverem
circunscrição regional nos termos da parágrafo aprovado na lei, dispensa. Seria
um festival de dispensas. Ora, existem poucos funcionários no interior do
Estado que servem a esses organismos. Além disso, seriam dispensados do serviço
funcionários imprescindíveis para o bom funcionamento da máquina
administrativa. Então, como eu disse na outra ocasião a este Plenário, o
direito do Governador de argüir a inconstitucionalidade é absoluto. Eu não vejo
nisso nenhum problema. Se o Supremo, que é o órgão que nós respeitamos pelas
suas decisões sábias, entender que esta argüição está correta, o Supremo
impedirá que os funcionários saiam de suas repartições para servirem a
interesses subalternos. Agora, se o Supremo Tribunal entender que o Governador
não tem razão, que é salutar que os sindicatos sejam representados através de
tempo integral a seus serviços, dos sindicatos, nós respeitaremos essa decisão
como sempre fizemos. Agora, o direito à argüição é um direito intangível. Eu
creio que a Vereadora já entendeu isso. E a Vereadora, no outro Requerimento,
queria que esta Casa protestasse pelo Governador argüir a
inconstitucionalidade, mas tenho certeza, S. Exª disso se afastou. Agora, ela
quer que esta Casa se manifeste politicamente no sentido de criticar o Governo
do Estado por querer manifestação do órgão máximo judicante do País em relação
a essa postura. Então, Vereadora, encaminho contrariamente ao seu Requerimento,
porque a matéria está “sub judice”, ou seja, está para ser julgada. V.Exª quer
tirar apenas ilações políticas pela iniciativa do Governo do Estado em argüir
tal inconstitucionalidade. Eu penso que não é o momento de tal atitude, por
isso, o seu Requerimento é inoportuno. Ele não está no tempo exato porque,
estando “sub judice”, nós não temos que censurar ninguém por argüir algo que
considera lesivo aos interesses do Estado e está sob julgamento do Supremo
Tribunal Federal. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Encaminha, pelo PC do B, a Verª Maria do Rosário.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, trata-se, aqui, de uma Moção
de Protesto ao cerceamento do exercício sindical, porque o CPERS/Sindicato,
hoje, tem noventa mil sócios neste Estado, possui uma diretoria central de 13
componentes e 42 núcleos por Regiões do Município. Portanto, o CPERGS,
historicamente, tem tido acordos, discussões com os Governos dos Estados, no
sentido de manter esses 13 Sindicalistas da Direção Central, mais um sindicalista
por núcleo, com liberação para uma atividade de representação da categoria na
Região e não por Município, porque todos nós sabemos que o nosso Estado possui
mais de 400 Municípios. Srs. Vereadores, é importante ter claro que isso em uma
base de noventa mil associados para um Sindicato que promove não somente a
organização e luta salarial, como promove toda informação de ordem funcional
aos trabalhadores em educação, professores e funcionários de escola, fazendo
uma intensa discussão pedagógica e de linha educacional no Estado do Rio Grande
do Sul e contribuições, inclusive, em nível nacional.
É impossível, Srs. Vereadores, administrar um
Sindicato desta magnitude. O maior Sindicato da América Latina com 13 Diretores
em Porto Alegre e o Governo do Estado pretende que isto seja feito. Eu quero
dizer aos senhores que a liberdade sindical para os funcionários públicos foi
uma conquista muito grande, mas para se viabilizar é fundamental a estrutura, e
os Governos em geral, não gostam disso. Dá trabalho o Sindicato de Funcionários
Públicos. Neste sentido, nós estamos apresentando uma moção de protesto desta
Casa e de solidariedade, ao mesmo tempo, com o CPERGS, para que em cada núcleo
possa haver opção e aí me permita, Ver. Nereu D’Ávila, o Sr. apresenta um desconhecimento
muito grande da matéria, porque diz que os professores ou os trabalhadores em
educação não têm prejuízo quando ficam a serviço do Sindicato. Pois têm. Porque
um trabalhador em educação, a serviço do Sindicato, abre mão do seu difícil
acesso, abre mão da unidocência, da aposentadoria especial por 25 anos de
serviço, optando pela aposentadoria aos 30 anos de serviço, porque acha que
naquele momento o mais importante é servir a causa dos seu Sindicato na luta da
educação. Então é importante que os Senhores tenham claro que o sindicalista
que é trabalhador em educação está, quando se afasta de seu trabalho, abrindo
mão da sua aposentadoria especial aos 25 anos e optando por mais 5 anos de
trabalho. Mesmo assim, existem homens e mulheres que se dedicam à causa da
educação pública, à defesa da escola de qualidade, e vem fazer parte do seu
Sindicato.
Então, Senhores, nós não entramos, aqui nesta
Moção, no mérito do direito do Sr. Governador do Estado, de argüir a
inconstitucionalidade. Nós pensamos que o Governador deve ser sensível aos
interesses, não do Magistério apenas. Eu acho que a Moção, Srs. Vereadores, é
no sentido de que o Governador seja sensível a que o CPERS/SINDICATO é uma
instituição que ultrapassa os interesses corporativos e serve ao Estado do Rio
Grande do Sul, realizando anualmente o Encontro Estadual de Educação, que pensa
promover uma educação de qualidade, contribuindo no sentido de o sindicalismo
gaúcho se posicionar com grandeza em nível nacional pelos direitos dos
trabalhadores, e o Governador do Estado não vem sendo sensível a isso.
Eu vou dar um exemplo aos senhores. O Sindicato dos
Bancários de Porto Alegre tem 90 Diretores, por definição das suas assembléias
e, muito justamente; o SINDI/PPD tem 33 Diretores; a PROCERGS e o Banco do
Brasil têm os seus sindicalistas liberados. O que acontece é que, por uma
polêmica entre a Secretária Neusa Canabarro e o Magistério gaúcho uma diferença
contundente, firme, de oposição, a educação do Estado do Rio Grande do Sul vem
sendo sempre prejudicada, e a isto esta Câmara tem que ser sensível. Nós só
estamos pedindo o protesto quanto à mudança de rumos e a não-liberação dos
sindicalistas, professores e trabalhadores da educação, para o qual, temos
certeza, vamos contar com o apoio desta Casa. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Gerson Almeida.
O SR. GERSON
ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. É a
segunda vez que nós debatemos este tema, e a nobre Vereadora proponente - Verª
Maria do Rosário - foi sensível a uma argumentação, se não estou enganado, do
próprio Líder da Bancada do PDT - o Ver. Nereu D’Ávila - e também ao apelo de
outros Vereadores. Realmente, a sua primeira versão da Moção não conseguia
expressar o que verdadeiramente ela pensava. Portanto, retirou, refez e agora
nós estamos colocando em votação um texto que é bastante claro quanto ao
objetivo, não se trata de uma questão legal, porque a Constituição Federal já
assegura a organização livre e autônoma dos Sindicatos. Assegura, inclusive,
que não pode ser obstruída a ação dos sindicalistas no exercício de seus
mandatos. Inclusive, a qualquer órgão público do qual ele seja dirigente e do
qual esteja representando.
Portanto, não é uma questão legal. Nós não
estaremos censurando a Justiça como disse aqui o nobre Ver. Nereu D’Ávila. Se
trata de um posicionamento político desta Câmara em relação a uma atitude que
não pode ser entendida de outra forma que não uma retaliação do Governo à
organização do CPERS/Sindicato no Rio Grande do Sul. Por que isto? Já estamos
quase no final do terceiro ano de mandato do Governador e até então ele
conviveu, tranqüilamente, com esta situação que, diga-se de passagem, não é
nova, já existia em muitos governos anteriores. Eu mesmo fui dirigente durante
duas gestões do Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações do Estado, que
representa entre outros a CRT. E há muitos anos, antes mesmo de a Telefônica
ser encampada existe a figura da liberação do dirigente sindical para o
exercício de seu mandato, que é, em última instância, a forma de reconhecer a
legitimidade do Sindicato, é dar condições para que eles atuem. A iniciativa
privada já faz isto há muitos anos. O Sindicato dos Bancários aqui de Porto
Alegre tem por contrato coletivo há muitos anos a garantia de cedência de, pelo
menos, um dirigente sindical por banco privado. É uma conquista que já adentrou
a iniciativa privada junto aos Sindicatos.
Se isto é verdade, não há como esta Câmara não se
manifestar de uma forma política e solidária a que um de cada núcleo do CPERS
do Estado tenha um professor cedido para o exercício de suas atividades
sindicais. Por que não? Porque o Governador do Estado só no terceiro ano do seu
mandato vai argüir isto? E porque não argüi isto do SINTEL, Sindicato dos
Telefônicos, do Sindicato dos Eletricitários, dos sindicatos de todos os órgãos
públicos do Governo, que tem por contrato coletivo a garantia de cedência,
assim como tinha CPERS. Claramente há uma retaliação ao magistério público
gaúcho na figura da sua entidade sindical, porque o Governador não está
argüindo o mérito da licença para os sindicatos em geral, está argüindo o
mérito da licença de uma entidade, no caso do CPERS, são conhecidas da
sociedade gaúcha as retaliações inúmeras, o enfrentamento permanente com que o atual
Governo tem se deparado junto ao CPERS. Portanto, na medida em que está
configurada uma particularidade, na medida em que está configurada uma exceção,
uma retaliação específica e não ao mérito genérico das liberações, até porque o
governo não cairia nesse equívoco de argüir uma coisa que está clara na
Constituição Federal. Logo, parece-me que esta Câmara só tem uma medida, uma
forma, que é de acolher a Moção, registrar o seu protesto politicamente e fazer
com que eventualmente o Governador se sensibilize e não leve adiante essa
questão.
Por tudo isso eu encaminho, em nome da Bancada do
PT, favorável à Moção da Verª Maria do Rosário. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Sr. Jocelin Azambuja pelo PTB.
O SR. JOCELIN
AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, tínhamos pensado nesse tipo de
Moção, porque acreditamos extremamente positivo. Mas, evidentemente, como a
Verª Maria do Rosário é professora, sindicalizada ao Centro dos Professores,
achamos que seria realmente mais oportuno que o fizesse e ela pensou da mesma
forma e acho extremamente positivo. Nós entendemos que a que havia sido
apresentada na semana passada não continha uma redação adequada, envolvia a
questão jurídica. Hoje, trazida novamente a Moção, refeito o texto, está bem
claro no sentido do protesto ao Governo do Estado pela não-cedência dos
professores dos núcleos do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do
Sul ao CPERS Sindicato.
Nós temos que entender que o movimento sindical tem que ter condições de avanços, de luta, de trabalho e uma delas passa justamente por essa relação, e isso já está previsto na legislação sindical deste País. Claro que há divergências em relação à questão sindical no que tange aos órgãos públicos, os Governos, Federal, Estadual e Municipal. Existem divergências de interpretação, até os próprios dissídios que não são feitos, ainda, na Justiça do Trabalho, quando deveriam, na realidade, ser, no nosso entendimento. Mas a verdade claro é essa, deve haver a disponibilidade de servidores ou de funcionários públicos para o atendimento das tarefas dos sindicatos. Senão em todo da integralidade dos seus horários, mas deveria haver, no mínimo, parte desses horários de trabalho destinados a atividade sindical para esses dirigentes. Por isso é que realmente se verificou, no caso, hoje, do CPERS Sindicato, nada mais do que simples atos de represálias do Governo do Estado por lamentável conduta até da Srª Secretária de Educação do Estado do Rio Grande do Sul.
Fazendo um registro, aproveitando este momento,
mencionamos a falta de prática, de habilidade política na Secretaria Estadual
de Educação. Agora, durante esta semana, a Secretária foi à Escola Silva Paes,
na Tristeza, e simplesmente, a Secretária, tão democrática, não concedeu a
palavra a ninguém, lá na reunião em que estavam várias escolas interessadas em
terem o 2° grau, ela disse que não tem necessidade de 2° grau na Zona Sul de
Porto Alegre. Ora, ela nem sabe que há trinta anos não se coloca uma escola de
2° grau nessa área da Zona Sul e, simplesmente, não deu a palavra à comunidade
e nem ao Diretor da Escola. Foi um ato lamentável! Essa é a prática de
autoritarismo que está sendo implementada na área de educação e lamentavelmente
o Sr. Governador tem entrado nesse caminho de conflito, o que não é bom para
nenhum governo, o que não é bom para nenhuma instituição. Essa prática é
fundamental e tem que ser respeitada: do sindicalismo. Me traz, aqui, o Ver.
João Motta, a lembrança da nossa Lei Orgânica Municipal, art. 31, nos direitos
dos servidores, o inciso VI: “Desempenho com dispensa de atividades funcionais
sem qualquer prejuízo para sua situação funcional ou retribuição pecuniárias de
mandato.” Então, isso aí seria uma prática normal dentro de um governo
democrático, dentro de um governo que tivesse um processo de respeito à
organização sindical e à participação sindical, mas, lamentavelmente, nós temos
consciência do que está ocorrendo em nível de Governo do Estado do Rio Grande
do Sul e achamos que esta Casa não pode se omitir de lançar o seu protesto.
Claro que na Moção não está sendo discutida a questão legal, aí é outra
situação que será resolvida em nível de Supremo Tribunal Federal. Mas a
discussão básica que está sendo feita é no sentido de que se caberia um
protesto ao Governo do Estado pela atitude ou não. E entendemos que cabe
realmente um protesto ao Sr. Governador do Estado até para que ele possa
refletir sobre a importância do movimento sindical, uma vez que ele próprio, ao
longo da sua vida pública, sempre defendeu na Câmara Federal o sindicalismo, o
movimento sindical. E também como colega, advogado, nós advogados temos que, em
primeiro lugar, incentivar a organização do movimento sindical e o Sr.
Governador, como advogado, como colega deveria também partir desse pressuposto
de incentivar o movimento sindical e não colocar as questões pessoais e
familiares nas relações do movimento sindical do Rio Grande do Sul. Por isso o
nosso apoio.
Era isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o art. 27 da Constituição do Estado:
“É assegurado aos sindicatos e associações dos servidores da administração
direta ou indireta: participar das decisões de interesse da categoria,
descontar em folha de pagamento, eleger delegado sindical.’ Inciso II: “Aos
representantes das entidades mencionadas no inciso anterior” - no caso do CPERS
- “nos casos previstos em lei por desempenho, com dispensa de suas atividades
funcionais de mandato em confederação, federação, sindicato, associação de
servidores públicos sem qualquer prejuízo para sua situação funcional ou
remuneratória, exceto promoção por merecimento.” Portanto não tem o que
discutir, a proposição da Vereadora está certa.
Mas quero aproveitar a oportunidade para registrar
a minha tristeza quando hoje vi, no jornal Zero Hora, uma funcionária da
Secretaria do Estado com uma ficha de computador quilométrica mostrando que a
Secretária Esther Grossi esteve à disposição desde 1989. Pois eu acho que esta
funcionária deveria se sentir um pouco gratificada, bastante orgulhosa de que
uma pessoa dos quadros do Estado fosse servir como Secretária de um Município,
Secretária da área em que ela atua, Secretária de Educação. Portanto, eu faço todas
as restrições a esse tipo de manifestação. Para a Administração quando leva um
dos seus servidores para uma atuação de destaque, é razão de orgulho para a
Administração.
Portanto, a Professora Esther Grossi não poderia
ter sido criticada por ter sido Secretária Municipal de Educação. Era isso.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Encerrado os encaminhamentos. A votação será nominal.
Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada
nominal dos Srs. Vereadores para a votação.
O SR.
SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr.
Presidente, 22 Srs. Vereadores votaram “sim”, 07 Srs. Vereadores votaram “não”.
O SR.
PRESIDENTE: APROVADO o Requerimento.
(Votaram Sim os
Vereadores Clóvis Ilgenfritz, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Divo do Canto,
Fernando Záchia, Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana,
Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes,
Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi,
Gerson Almeida, Pedro Américo Leal, Darci Campani. Votaram Não os Vereadores
Artur Zanella, Dilamar Machado, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Isaac Ainhorn,
Mário Fraga e Nereu D’Ávila.)
Requerimento do Vereador Nereu D’Ávila, solicitando
renovação de votação do Requerimento n° 294/93 de autoria do Vereador Gerson
Almeida.
Encaminha o Ver. Nereu D’Ávila, como autor.
O SR. NEREU
D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes de mais nada eu quero
parabenizar o Ver. Jair Soares pelo seu zelo, muito menos com o problema em
tela, e muito mais com a imagem desta Casa. Inclusive a sua auto-preservação, o
seu auto-respeito.
Porque eu reconheço, e em ufano disso, talvez minha
única virtude, é que eu tenho auto-crítica, reconheço meus erros, até porque,
como humano, erro muitas vezes.
Acho que tem-se que reconhecer porque é da natureza
humana. E reconheço também, que na Legislatura passada, esta Casa ficou na
seguinte posição: tudo era atribuído ao Plenário. O Plenário decidia hoje de
uma maneira, e amanhã, como tinha essa soberania, decidia diametralmente oposto
à primeira decisão. E eu estou me auto-censurando por transformar esta Casa em
ciranda. Em que ao bel-prazer do humor do dia, do Plenário, modificava a
decisão anterior.
O Ver. Jair Soares, nesta legislatura, tem
procurado zelar para que esta Casa não incorra neste erro. Reconheço meu erro
de não ter mobilizado os Vereadores do PDT na votação deste Requerimento, para
votar contra. O Ver. Jair Soares tem razão quando diz que a Comissão de Justiça
deliberou sobre o assunto, em conformidade com a Auditoria. Este plenário votou
favorável, firmou jurisprudência, também, em conformidade com o parecer da
Procuradoria Geral do Estado, em que não é obstaculizado o direito do Vereador
de qualquer Município, de obter informações atinentes aos assuntos da sua
comunidade e em benefício de seu mandato.
Agora, a jurisprudência diz, também, que ao
Vereador é vedado fiscalizar órgãos do Executivo Municipal, que não contribuem
para o exercício do seu mandato, naquele Município.
Este caso em tela é típico. O Ver. Gerson Almeida
deixou nos Anais e eles podem ser olhados, no sentido de que o Vereador tem
todas as respostas aos seis quesitos que faz, em seu Pedido de Informações:
qual é o número do telefone; quando foi instalado; o endereço das pessoas; o
nome das pessoas; a data de quando foram instalados; o quanto foi gasto. O Ver.
Gerson Almeida, através de seus informantes da CRT, sabe para onde foram
destinadas as ligações.
Então, o Vereador está com todas as informações que
faz no pedido. O que ele quer, então? Ele quer é fiscalizar o Executivo. Ele
disse aos Anais: “eu quero as informações porque elas servirão, oficialmente,
para embasar a Ação Popular que será feita, de responsabilidade das autoridades
que não podiam ter esses telefones administrativos”, segundo o Ver. Gerson
Almeida.
Está cristalino que o Vereador tem as informações; quer fiscalizar os órgãos do Executivo, que lhe é vedado pela Constituição. Por que ele não pede ao Líder Koutzii na Assembléia que chegou a ter um enfarte de tanto vociferar contra o governo do Estado. Então o Vereador está extrapolando das suas funções legislativas atinentes ao Município de Porto Alegre. Se ele quer, como cidadão, entrar com ação popular contra o Governo, que o faça. Os Tribunais estão aí e o seu direito é inalienável. Agora, como Vereador, querer informações que ele já possui para instruir ação popular, lhe é vedado e esta Casa firmou jurisprudência e não pode cuspir para cima para cair na sua própria face. A Casa tem jurisprudência e não deve, sobre ela, formar juízo contrário sob pena de se desmoralizar paulatinamente. Tem razão o Ver. Jair Soares, só que ele, pedindo anulação de direito da questão, não pode ter acolhida porque o Presidente também, até por ser do Partido, e que está sendo litígio, não pode ser discricionário em ignorar decisão do plenário da Casa que é maior do que as prerrogativas do Presidente. Agiu certo o Sr. Presidente da Casa. Agora, nós não podemos dar acolhida e este Requerimento porque se não esta Casa estará decidindo em um dia de uma forma e no outro dia em forma contrária e estará se autodesmoralizando.
Por isso eu encaminho um requerimento de renovação
de votação para que os Srs. Vereadores possam reformular conscientemente o
Requerimento do Sr. Ver. Gerson Almeida. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Motta.
O SR. JOÃO
MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não vai ser a primeira nem a
última vez que nós vamos, aqui, divergir com relação à interpretação de leis e
já temos aqui, na Câmara, dentro da própria Comissão de Justiça que é onde
geralmente se trava esse tipo de polêmica, vários processos em que as opiniões
são absolutamente divergentes sobre essa matéria. Aqui estamos diante de outra
matéria polêmica. Eu vou me calçar para efeito de raciocínio, em um parecer
prévio da Auditoria da Câmara Municipal de Vereadores. Já se falou tanto aqui,
mas não se entrou no mérito do Parecer.
O Parecer da Auditoria, órgão por excelência especializado
na matéria, é muito claro e tranqüilo, a não ser que haja alguma modificação,
que não houve ainda. Ou seja, até agora, houve, por expresso, se não me falha a
memória, uma manifestação da Procuradoria-Geral do Estado, de argüir a
inconstitucionalidade do artigo 12 da Constituição Estadual, mas não o fez. Se
o fizesse e tivesse o acolhimento do Poder Judiciário, imediatamente o
Presidente da Câmara seria oficiado de tal decisão. Em não havendo isso,
portanto, é uma lei, é um artigo da Constituição Estadual que está vigendo.
Quero preservar, integralmente, a prudência que a Auditoria teve ao se
manifestar sobre a matéria. O que diz a Auditoria na sua manifestação? Diz:
(Lê:) “A função fiscalizadora - a Constituição do Estado, ao prever que às
Câmaras Municipais, no exercício das suas funções legislativas e
fiscalizadoras, sejam prestadas informações que forem solicitadas aos órgãos
estaduais situados nos Municípios, estabelece um princípio de colaboração do
Estado com o Poder Legislativo Municipal.” Pelo que eu sei, isto é um
princípio. Não é invenção da Auditoria, ou seja, a colaboração do Estado com o
Poder Legislativo Municipal, que, evidentemente, se existe terá que ser
objetivado. E está objetivado em lei na Constituição Estadual, quando diz expressamente:
(Lê:) Art. 12: “Às Câmaras Municipais, no exercício de suas funções
legislativas e fiscalizadoras, é assegurada a prestação de informações que
solicitarem aos órgãos estaduais da Administração Direta ou Indireta, situadas
no Município no prazo de dez dias úteis, a contar da data da sua solicitação.”
Esta é a forma legal que o Poder Legislativo
encontrou de materializar em lei o princípio da colaboração do Estado com o
Poder Legislativo Municipal. E o fez estabelecendo critérios. É claro o Art.
12: “Somente e tão-somente os órgãos da Administração Direta e Indireta que
tenham sede no Município.”
O SR. NEREU
D’ÁVILA: Ação fiscalizadora, Vereador.
O SR. JOÃO MOTTA: Isso é outro princípio, Vereador. Estou falando em colaboração do Estado, baseando-me num parecer da Auditoria. Portanto diz logo adiante o Parecer da Auditoria: “Neste sentido, o Estado deverá auxiliar...” É isso: auxiliar, apenas e tão-somente, porque é uma colaboração às Câmaras Municipais com as informações necessárias ao exercício de suas funções legislativas etc.
Portanto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ao concluir, se não houve argüição do art. 12, e se nós aceitamos e acatamos o princípio da colaboração, que é completamente regimental, constitucional e legal, sob o ponto de vista do direito positivo brasileiro, nós temos que reconhecer que não é possível a Câmara Municipal de Vereadores se antecipar a um direito, inclusive, que está nas mãos do Estado. A não ser que o litisconsorte, por outro motivo, ou até mesmo por uma decisão política, a Câmara de Vereadores do Município de Porto Alegre ingresse em juízo, aí sim argüindo a inconstitucionalidade do art. 12, coisa que, sabemos, não o fez. Há, também, uma prudência por parte do Sr. Presidente da Câmara, porque a matéria é complexa, aguarda a decisão, caso venha o Estado entrar em juízo, para aí se manifestar e colocar ao Plenário, no sentido de saber se a Câmara aceita ou não.
Eu concluo dizendo o seguinte: sob o ponto de vista
legal, na minha opinião, por todas essas razões, é absolutamente regimental e
legal o Pedido de Informação feito à CRT pelo Ver. Gerson Almeida, porque está
devidamente enquadrado no art. 12 da Constituição Estadual, que ainda não foi
argüido. Há uma disposição, uma manifestação de vontade. O Estado, através do
órgão competente, Procuradoria, ainda não o fez. E a Câmara, prudentemente,
está aguardando, tem que defender, como está fazendo, mediante Parecer da
Auditoria, o princípio universal da colaboração entre os Poderes. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o art. 12 da Constituição Estadual diz que as Câmaras, no exercício de suas funções legislativas e fiscalizadoras, podem pedir informações ao Governo do Estado. No caso, não temos na solicitação feita pelo Ver. Gerson Almeida, a atuação de fiscalização, nem de legislar. Imagino, por exemplo que a CEEE, solicitada por moradores de uma área invadida em uma praça, colocasse energia elétrica, então sim, nós teríamos todas as condições de legisladores, de fiscalizadores dos problemas da nossa Cidade, de colocar e fazer o Pedido de Informações, para que o Governo nos dissesse como foi. Agora não é o caso aqui, que se desenvolve na área estadual, e ainda no dia da votação do Requerimento, foi dito na imprensa como é que aconteceu. Foi reconhecido pela CRT, foi declarado que estava legalizado e que estava tudo certo. Então não é o caso. É claro que vou votar pela renovação da votação, mas, por outro lado, este Plenário decidiu, e o Ver. Jair Soares colocou aqui, muito bem.
Eu não vou apelar ao Presidente para que não receba
mais requerimentos e Pedidos de Informações desse tipo, mas eu vou apelar aos
Vereadores, que votaram também conjuntamente aqui, que nós não temos condições
de fazer Pedido de Informações ao Governo do Estado, da forma que tem sido
feito, como também este, Ver. Gerson Almeida, que não me parece ser matéria a
se apreciada pelo Plenário, mas foi. Vamos renovar a votação sim, e o Ver. Jair
Soares fez um belo trabalho, e é aos Vereadores a quem apelo, para que não mais
façamos este tipo de proposição, porque nós entendemos que é incorreto, não
pode ser feito, porque temos hoje um documento que deve servir de
jurisprudência para cada um dos Vereadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Gerson Almeida.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na última quarta-feira, quando votamos esta questão, eu sustentei a necessidade de votá-la em um argumento, que era de que havia controvérsia, a partir da denúncia que fiz da tribuna, quanto à existência ou não de contratos. Havia, inclusive, um fax, portanto um documento, ao Líder do PDT desta Casa, em que afirmava, a partir do Diretor de Operações da CRT, que havia contratos. Desmentia e os colocava em confronto direto com a afirmação que havia feito aqui. Foi em cima desta controvérsia que sustentei a necessidade de obtermos um Pedido de Informações do Governo. Concordo, plenamente, com as considerações que fez o meu companheiro Ver. João Motta, não estou aqui discutindo o mérito da proposição e do entendimento que o nobre Ver. Jair Soares sustenta, nesta tribuna, de maneira correta e séria. Há divergência quanto ao mérito, quanto à limitação da decisão da Comissão de Justiça, que votamos a favor enquanto Bancada. Isso queremos discutir e polemizar. Essa discussão não se esgota aqui.
Quero, também, anunciar à Câmara que na questão, não do mérito da interpretação do Ver. Jair Soares, porque em me filio às questões que o Ver. João Motta colocou, sobre a questão particular do Pedido de Informações que apresentei à Casa, quero dizer que eu retiro o Pedido de Informações. Mesmo que regimentalmente não possa, eu retiro politicamente o Pedido de Informações, para que se oriente a votação da minha Bancada. Retiro, porque o argumento em que sustentei o Pedido de Informações não existe mais. Eu dizia que havia contraditório, polêmica, quanto à existência ou não do contrato. Digo que o argumento não existe mais, porque está comprovado que o Sr. Renato Raimundo, Diretor de Operações da CRT, está equivocado, quando dizia que havia contratos, desde o primeiro dia em que fiz a denúncia em telex para a “Zero Hora”, para o “Correio do Povo” e a todos os órgãos de imprensa. Aqui está o documento que comprova que não havia contrato algum. O contrato com o Sr. Matheus Schmidt foi feito no dia da denúncia, duas horas após a denúncia.
Agradeço aos Vereadores que votaram favoravelmente
ao Pedido de elucidação da controvérsia, mas não existem mais controvérsias.
Retiro o Pedido, embora não concordando com as considerações do nobre Ver. Jair
Soares. Eu sinto preservada a minha condição de, como denunciante, poder ir até
o fim na comprovação ou não da denúncia. Quero esgotar o assunto na Câmara,
como faço agora, para depois levar ao Líder da minha Bancada na Assembléia
Legislativa, para que ele possa fazer o que for preciso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira encaminhar, estão encerrados os
encaminhamentos.
Vamos colocar em votação o Requerimento do Ver.
Nereu D’Ávila de renovação de votação do Requerimento de autoria do Ver. Gerson
Almeida. Esclarecendo a dúvida do Ver. Jair Soares, o Ver. Gerson Almeida
retirou o Requerimento, não formalmente, mas, politicamente, dado até que não
poderia fazê-lo formalmente; diante da impossibilidade, ele retirou
politicamente.
O SR. LUIZ
BRAZ (Questão de Ordem): Ver. Presidente, se o Requerimento do Ver. Nereu
D’Ávila não for aceito, significa que vai ficar valendo a 1° votação. Apenas
para que eu possa entender, o Plenário teria que votar favorável ao
Requerimento do Ver. Nereu D’Ávila, para que nós votássemos novamente a matéria
e negasse a matéria, aí com unanimidade.
O SR.
PRESIDENTE: V.Exª está correto na atitude e no encaminhamento.
O SR. MILTON
ZUANAZZI (Questão de Ordem): Se o Ver. Gerson Almeida, que é o proponente,
retirou da Tribuna, politicamente, porque não poderia fazê-lo individualmente,
eu pergunto: o Plenário não poderia fazê-lo coletivamente?
O SR.
PRESIDENTE: Não. Há Parecer da Comissão de Constituição e Justiça aprovado
por este Plenário, dizendo que neste momento, não cabe a retirada, nem a
colocação ao Plenário para decisão. Então, seguimos o rito.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente, uma dúvida: se nós autorizamos a renovação de votação,
nós ficamos na estaca zero. Estamos na estaca zero.
O SR.
PRESIDENTE: Vamos proceder a estudos até o momento da votação; se o
Requerimento for aprovado, vamos orientar o Plenário de forma decisiva.
O SR. LUIZ
BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, existe uma decisão deste Plenário
referendando uma decisão tomada na Comissão de Justiça, de que, neste momento,
não cabe a retirada. Cabe sim, uma nova votação.
O SR.
PRESIDENTE: Vamos proceder à votação. O assunto está plenamente
esclarecido; todos os Vereadores estão conscientes de que vão votar um
Requerimento de renovação de voto que, se aprovado, a matéria terá renovada sua
votação na próxima Sessão.
Em votação o Requerimento do Ver. Nereu D’Ávila.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Ainda, para serem votados os seguintes
Requerimentos: do Vereador Wilton Araújo, solicitando constituição de Comissão
Especial destinada a tratar sobre um plano de atendimento às pessoas carentes
moradoras de rua; da Vereadora Clênia Maranhão, de Voto de Congratulações com o
Sr. Manuel Antônio Ribeiro Valente e demais membros da Diretoria, pela
reeleição para o Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul - SENERGISUL.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que os
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.
A Mesa indefere o Requerimento do Ver. Jair Soares
solicitando fosse declarada nula a votação do Requerimento do Ver. Gerson
Almeida que solicita Pedido de Informações ao Governo do Estado acerca de
linhas telefônicas.
O SR. PEDRO
AMÉRICO LEAL (Questão de Ordem): Sirvo-me de um Requerimento para solicitar
a V.Exª que reitere aos Correios e Telégrafos a solicitação da criação da
agência, porque foi público, ontem, nos meios de comunicação social, o
compromisso do diretor dos Correios e Telégrafos - estava presente a ilustre
Verª Maria do Rosário - de que ele está de acordo, e espera apenas por uma
decisão de V.Exª, para instalar, aqui, na nossa Casa uma agência dos Correios
para nos servir.
O SR.
PRESIDENTE: Sobre esse assunto, Vereador, não só nós temos todos os
ofícios, como também os ofícios que retornaram dos Correios e Telégrafos, só
resta à Mesa lamentar a manifestação pública do Diretor dos Correios, nesse
sentido.
O SR. PEDRO
AMÉRICO LEAL: Disse a ele que V.Exª tinha feito tudo e que ele tinha
falhado. Ele retrucou que não estava à disposição para instalar a agência.
Estava presente a ilustre Verª Maria do Rosário, que peço que me ajude.
O SR.
PRESIDENTE: Quem sabe, seja um novo momento do Diretor dos Correios. Vamos
renovar a nossa vontade, embora já esteja sendo feito um serviço por uma das
agências, aqui, na Casa.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: E, como sugestão complementar, Sr. Presidente, além da
renovação, que, publicamente, foi colocado pelo Diretor dos Correios e
Telégrafos, no Rio Grande do Sul e que, publicamente, também, pode ser cobrado
esse compromisso assumido.
O SR. CLÓVIS
ILGENFRITZ: A rigor, Sr. Presidente, eu penso que seja um pedido de
esclarecimento. Nós votamos, ainda há pouco, um Requerimento de V.Exª pedindo
uma Comissão Especial. Eu tentei, foi muito rápido, Muito obrigada. Mas não
consegui me esclarecer de o porquê dessa Comissão Especial. E vendo, depois, o
Processo eu entendi que pode ser uma Comissão que já exista outra semelhante,
quem sabe, com as mesmas funções. E, se isso não poderia criar problema para
nós, como instituição, com questões praticamente iguais. É uma questão de
esclarecimento.
O SR.
PRESIDENTE: Segundo as informações que tivemos o cuidado de pedir à Casa,
primeiro, esclarecer ao Vereador que, na tarde de ontem, houve uma Sessão
Especial onde foram reunidas entidades e foi discutido longamente este assunto
e saiu, não da vontade do Presidente, da vontade deste coletivo, inclusive, com
muitos Vereadores participando da formação desta Comissão Especial para dar
seguimento ao assunto que estava sendo tratado. Por outro lado, a Câmara já
está fazendo a implantação do Comitê da Fome que não tem característica semelhante
e nem tratará da mesma forma o assunto de uma Comissão Especial. O Comitê da
Fome tem uma tarefa que é outra.
O SR. CLÓVIS
ILGENFRITZ: Não querendo contraditar, mas apenas para esclarecer. Eu sei,
porque sou Vice-Presidente do Comitê junto com a Verª Maria do Rosário que é
relatora, o Presidente, que é o Ver. Airto Ferronato, e demais membros, tem
havido um trabalho intenso de entrosamento no Comitê Municipal, Estadual e
Nacional dessa questão da fome e da miséria. Então, consideramos que isso seja
um detalhe, um ponto que esse Comitê maior, em nível municipal, estadual e
nacional, estaria tratando. Era isso que eu gostaria de colocar.
O SR.
PRESIDENTE: É a posição individual e pessoal do Vereador que poderia ter
sido manifestada no momento do encaminhamento pelo seu partido. Infelizmente,
para garantia, vamos dizer assim, da Presidência, o Presidente do Comitê da
Fome participou da Sessão Especial ontem e convalidou o pedido de Comissão
Especial.
Solicita tempo de Liderança o PDT. Com a palavra o Ver.
Nereu D’Ávila.
O SR. NEREU
D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ontem, fiquei estarrecido quando
escutei, de manhã, no programa “Lauro Quadros” da Rádio Gaúcha, repentinamente,
a entrada daquela música que caracteriza a propaganda oficial do PT, que tem
saído em todos canais de televisão; ontem, à noite, ainda, observava. O meu
estarrecimento foi que o Sr. Vereador Guilherme Barbosa entrou no ar no
programa oficial do PT vergastando a CPI, a Comissão Parlamentar de Inquérito,
a respeito da FUNDATEC. Quer dizer, a Comissão estava reunida neste Plenário e
o PT, porque vê gravidade em dar 50% adiante, coisa inédita no mundo,
adianta-se, oficialmente, pela manhã, no canhão dos 100 kw da Rádio Gaúcha,
pago pelo povo, e S. Exª, desprezando a ética que deve instruir todos aqueles
que fazem vida pública, entrou no mérito da decisão da CPI que, naquele
momento, estava trabalhando, aqui, ouvindo engenheiros. Quer dizer, o mínimo
que o PT e o seu Ver. Guilherme Barbosa fizeram, foi destruir a ética que deveria
informar as atitudes dos Vereadores nesta Casa. É absolutamente inconseqüente!
Esta Casa, por todos os partidos, colocou uma CPI, está trabalhando séria e
dignamente e o PT, afoitamente, açodadamente, com o dinheiro do povo, faz a
propaganda oficial nos meios de comunicação, entrando no mérito daquilo que
ainda está sendo decidido, e onde o Ver. Guilherme Barbosa tem sido um dos
componentes da CPI que mais tem se manifestado. Portanto, o seu direito está
exaustivamente assegurado aqui, na CPI. Mas o PT, não aceitando
democraticamente as regras do jogo, busca os meios de comunicação, numa
propaganda avassaladora nunca vista nos Anais da Prefeitura Municipal. Porque
colocar, às dez horas da manhã, num programa da Rádio Gaúcha, o mais caro que
tem na radiofonia gaúcha, aquilo que é peso de ouro, um assunto que está “sub
judice” aqui, na Câmara, com a participação do PT, é uma total falta de ética.
E o PT, que quer ser doutor em moral, em ética, devolve dinheiro, faz
demagogia, demagogia desenfreada em cima da ética e da moral. Mas é de “cuecas”
a moral que eles pregam, porque foi profundamente lamentável aquilo que ouvi,
ontem, na Rádio Gaúcha. S. Exª não podia fazer isso! Desrespeitou os seus
colegas que aqui estavam trabalhando dignamente em função da CPI! De modo que
eu fico estarrecido com essa moral dúplice, ambivalente, que o PT apregoa. E
digo mais, Sr. Presidente, vou propor à Mesa e às Lideranças da Casa, na
próxima reunião, que a Câmara, que está representada por todos os partidos,
portanto é a Câmara que está na CPI, não é uma facção político-partidária e sim
a Câmara, eu vou propor que a Câmara, como instituição, responda no mesmo
horário e com mesma veemência as diatribes que o PT está aeticamente colocando
nos meios de divulgação. Que a Câmara se manifeste, oficialmente, no mesmo
horário e tempo e com a mesma ênfase que Sua Excelência fez demagogica e
aeticamente no Programa Lauro Quadros, segunda-feira. Há que ter
responsabilidade e seriedade. Esta Câmara tem que se impor, senão ficam aqui,
sem verem divulgados os seus trabalhos, os políticos vergastados por todos os
lados, que não trabalham, que gastam o dinheiro do povo. O PT monta uma
propaganda milionária, porque, ontem, à noite, eu vi em três canais diferentes
a mesma cantilena: propaganda e propaganda, com assuntos até diferenciados e em
uma delas justificando até o preço da passagem, com o próprio Prefeito
justificando. Propaganda maciça, mas eu queria saber o que sai em dinheiro esta
propaganda em todas as rádios e televisões do Rio Grande do Sul. Agora,
desrespeitar os seus colegas de CPI, a seriedade com que este assunto foi
tratado, inclusive, quando, através do Parecer do Ver. Luiz Negrinho, já se via
a seriedade da situação e aí, quando a questão está sendo levada, com
tranqüilidade para chegar a um veredito da Casa, onde inclusive S. Exª, o Ver.
Guilherme Barbosa, tem se salientado, porque eu lhe ouvi em outra entrevista na
televisão, dizendo das razões que o PT tem. Então, está-lhe sendo dado, pela
própria CPI, o direito de defesa absoluto e, então, vai pago, em uma das
principais rádios de 100 kw, para entrar no mérito de uma questão que ainda não
foi solucionada. Se isso não é falta de ética, eu não me chamo Nereu D’Ávila.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra a Verª Clênia Maranhão.
A SRA.
CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gostaria de vir a
esta tribuna para falar de uma coisa positiva que deveria acontecer neste País,
mas as notícias têm ocupado as manchetes brasileiras nos últimos tempos, e as
notícias que saem do Brasil nos mais importantes jornais dos outros países,
infelizmente, têm sido, ou sobre miséria, o desemprego e, ultimamente,
acrescida das chacinas. Primeiro dos presidiários, depois das crianças, e,
agora, dos índios.
No Brasil vive uma das populações mais antigas do
mundo, que tem como acúmulo de conhecimentos à sua cultura, um trabalho contra
o esgotamento da terra, do planejamento familiar, de solidariedade entre os
seus povos.
Esta Nação, conhecida pelo mundo inteiro, povos
primitivos no Brasil, tem sofrido massacres desde o início da década de 80,
quando em nome da civilização e do progresso, invadem suas terras, roubam seus
minérios, estupram suas mulheres e chacinam seus filhos.
Estas denúncias, que ocupavam antes pequenos
espaços da imprensa, começaram a crescer com o trabalho das entidades
não-governamentais, em defesa dos direitos humanos, do Brasil e do exterior,
das entidades de defesa dos índios, que hoje, também, denunciam a triste
realidade dos Caigangues no Rio Grande do Sul. Em junho do ano passado houve
uma chacina, e um ano depois a gente pode ver na televisão a imagem de crianças
degoladas, de mulheres assassinadas em um momento que os maridos tinham saído
de casa para irem trabalhar. Alguns setores da imprensa falavam que tinham
saído de casa para irem beber cachaça, como se isso pudesse justificar o
desrespeito, a violência, a chacina e o assassinato impunes que continua
acontecendo contra os primeiros habitantes brasileiros.
Um Senador do Rio de Janeiro colocava que existia
no Brasil, no início, de 250 a 300 milhões de índios, hoje talvez não cheguem a
dois milhões.
Não pode haver justificativa para o extermínio e
massacre em nenhuma etapa da história brasileira nestes últimos quatro séculos.
Mas a discussão da revisão constitucional, a
questão da Reserva Ianomâmi, a justificativa da retirada do ouro, uma possível
política para o desenvolvimento da Amazônia - que não se concretiza, porque o
Estado, sobre a situação econômica dos povos da floresta, demonstra que as
políticas do norte do Brasil têm, inclusive, empobrecido aquela população - não
pode mais ser usada para justificar a mortalidade da Nação Ianomâmi.
Acho que uma Câmara como a de Vereadores de Porto
Alegre que tem se posicionado sempre pela defesa dos direitos humanos dos
cidadãos da nossa Cidade e dos direitos legítimos da população brasileira tem
que, também, neste momento, se penalizar diante desta chacina que mais uma vez
horroriza os países que têm contato com entidades brasileiras e que recebem
notícias do Brasil.
Vou encaminhar uma moção de repúdio desta Casa e
uma exigência de que o Governo tenha uma atitude mais efetiva de garantia de
sobrevivência da vida digna da população Ianomâmi. A demarcação das terras do
povo Ianomâmi não pode significar o abandono à sorte das invasões dos
grileiros, dos garimpeiros na região do Norte do Brasil, assim como não pode
significar o abandono das fronteiras da Nação Brasileira. Muito obrigado.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: Passamos ao período da
PAUTA - DISCUSSÃO
PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 1815/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
N° 50/93, que cria a função regida pela Consolidação das Leis do Trabalho,
pertencente ao Quadro Celetista em Extinção na Administração Centralizada e dá
outras providências.
PROC. 1774/93 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR
DO LEGISLATIVO N° 25/93, do Vereador Antonio Hohlfeldt, que regula o artigo
150 da Lei Orgânica Municipal e dá outras providências.
PROC. 2052/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N° 106/93, do Vereador Milton Zuanazzi, que denomina Rua
Amarante de Freitas Guimarães um logradouro público localizado no Bairro Belém
Novo.
2ª SESSÃO
PROC. 1626/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N° 87/93, do Vereador João Dib, que estabelece a
obrigatoriedade da informação dos cálculos das reposições salariais dos
municipários e dá outras providências. COM SUBSTITUTIVO N° 01.
PROC. 1767/93 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N°
21/93, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que concede o título honorífico
de Cidadão Emérito ao Sr. João José de Assis Machado.
PROC. 1917/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
N° 54/93, que cria duas FGs de Diretor de Escola de 1° Grau Completo, duas
de Vice-Diretor de Escola de 1° Grau Completo, no Quadro do Magistério
Municipal, duas de Secretário de Escola
I, no Quadro da Administração Centralizada e dá outras providências.
PROC. 1782/93 - PROJETO DE EMENDA À LEI
ORGÂNICA N° 78/93, do Vereador João Motta, que altera o artigo 150 da Lei
Orgânica Municipal.
PROC. 2766/91 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N° 238/91, do Vereador Clóvis Ilgenfritz, que denomina Praça
José Luiz Carneiro Cruz um logradouro público, no Bairro Mato Sampaio. COM
SUBSTITUTIVO N° 01.
PROC. 1770/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
N° 47/03, que autoriza o Executivo Municipal a abrir créditos suplementares
no valor de Cr$ 150.660.000.000,00 e dá outra providências.
PROC. 1787/93 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N°
22/93, da Vereadora Helena Bonumá, que autoriza a Câmara Municipal de Porto
Alegre a editar uma publicação destinada a orientar sobre prevenção contra AIDS
e discriminação de seus portadores.
PROC. 1855/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N° 97/93, do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina Praça Oswald
de Andrade um logradouro público localizado no Bairro Santa Tereza.
PROC. 1962/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N° 99/93, do Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Rua Waldemar
Canterji um logradouro público localizado no Bairro Boa Vista.
PROC. 1938/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
N° 56/93, que declara de utilidade pública a Fundação GAIA.
PROC. 1956/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
N° 57/93, que declara de utilidade pública a Sociedade Humanitária Padre
Cacique.
PROC. 1964/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
N° 58/93, que autoriza a permuta de imóvel próprio municipal, localizado
onde existia o leito da Rua Bernardino Bernardi, por imóvel de propriedade da
Empresa Ruas Amantino & Cia. Ltda.
PROC. 2031/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
N° 59/93, que declara de utilidade pública o Centro de Apoio a Atividades
Econômicas e Informais “Ana Terra”.
3ª SESSÃO
PROC. 1285/92 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N° 103/92, do Ver. Nereu D’Ávila, que transpõe para o quadro
funcional do Executivo Municipal os servidores da Cia. Carris Porto-Alegrense
que prestam serviços ao mesmo, por prazo igual ou superior a dez anos.
PROC. 1785/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N° 96/93, do Ver. Nereu D’Ávila, que dispõe sobre a adoção do
Arroio Dilúvio e dá outras providências.
PROC. 1813/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
N° 48/93, que cria a função regida
pela Consolidação das Leis do Trabalho, pertencente ao Quadro Celetista em
Extinção na Administração Centralizada, e dá outras providências.
PROC. 1879/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
N° 53/93, que declara de utilidade pública o Centro Comunitário da Vila
Orfanatrófio I.
PROC. 1937/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
N° 55/93, que autoriza a Fundação de Educação Social e Comunitária (FESC) a
abrir créditos suplementares no valor de Cr$ 36.308.392.600,00 e dá outras
providências.
O SR.
PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, por essas coincidências
da vida, já tinha me inscrito na Discussão Preliminar para discutir um Projeto
do Ver. Nereu D’Ávila, Projeto esse que se refere ao Arroio Dilúvio, podendo os
cidadãos desta Cidade se proporem a adotar o Arroio Dilúvio em algumas das suas
extensões. Pois bem, o Projeto do Vereador é um Projeto confuso e que mais nada
é, no meu ponto de vista, do que permitir a propaganda nos seus taludes. Ele é
confuso porque diz que pode fazer doações à Prefeitura, quer dizer, é tudo no
“pode”. Não define claramente como se dá essa doação e para que se dá essa
doação, mas deixa claro, nos seus poucos artigos, que se poderá fazer
propaganda nos taludes do Arroio Dilúvio. Vejam só, nós vamos ver toda aquela
extensão de taludes, ao longo da Av. Ipiranga cheia de propaganda. E sou
acusado de falta de ética! Um Vereador que quer usar um bem natural da Cidade,
marcante da Cidade, para permitir propaganda, é que vem me acusar de falta de
ética. Ao longo dos trabalhos da CPI, dentro e fora dela, tenho elogiado os
trabalhos da CPI. A Mesa dos trabalhos é testemunha, inclusive o Ver. João Dib,
Ver. Negrinho, o Ver. Milton Zuanazzi e nos vários momentos eu que fui
procurado pela imprensa, e não só nessa gravação da comunicação da Prefeitura,
eu tenho-me referenciado, única e exclusivamente, aos depoimentos dos
engenheiros que até agora vieram. Única e exclusivamente! É nesse momento que
tenho feito comentários e em mais nenhum sobre o trabalho da CPI. Com a
inteligência estrondosa que todos sabemos que tem o Ver. Nereu, ele também
devia criticar com a mesma ênfase a Comunicação Social da nossa Câmara que
gravou um espaço comigo, sobre o mesmo tema, ontem. E ele disse, com a sua
inteligência rara, que não é dinheiro do povo. O dinheiro da Câmara não é
dinheiro do povo! E vem falar em ética. O Ver. Nereu, que quer propaganda em
todos os taludes do Arroio Dilúvio, quer seja paga ou não! Daqui a pouco,
seguindo a sua lógica, Ver. Nereu, nós teremos propaganda em todos os nossos
morros, na beira do rio, porque sair do Arroio e ir para o rio, vai ser um
passo. E o senhor vem me cobrar ética? Ética eu tenho muita, durante todo o meu
período no Departamento Municipal de Água e Esgoto, nem uma vírgula pode-se
dizer da minha atuação naquele Departamento. Portanto, o senhor, infelizmente
teve, aqui, um momento lamentável, absolutamente lamentável, distorcendo o que
eu disse. Em nenhum momento, naquela gravação ou em qualquer outra, deixei de
ter um comportamento exemplar com relação à CPI. Em outros meios de comunicação
particulares aonde foi perguntado, única e exclusivamente me referi ao
depoimento que tinha ouvido de cada um dos engenheiros.
O Sr. Nereu
D’Ávila: V.Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, não é
quanto ao que V.Exª disse, é pelo simples fato de V.Exª se manifestar numa
causa que está “sub judice”. Em segundo lugar, se V.Exª está querendo insinuar
que há questão de ética em relação ao Projeto Arroio Dilúvio, eu estou muito
mais perplexo porque eu trago, no projeto, receita para o Município e inclusive
para creches e albergues para meninos de rua e velhos. E mais, está sendo
escrito nas campanhas políticas, nos taludes, e continua escrito lá perto da
PUC propaganda eleitoral que infringe a lei. Quero aproveitamento dos taludes,
tanto quanto a SMAM quer plantar flores junto aos taludes.
De modo que apenas quero regulamentar e se a
insinuação é com relação à questão da propaganda para os empresários, V.Exª
está autorizado a fazer uma pesquisa na minha vida para ver se eu tenho
ligações políticas pessoais ou de qualquer natureza com qualquer empresário
desta Cidade.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Essa investigação não vou fazer, nem fiz nenhuma ilação
com relação a isso. Agora, que o seu Projeto permite propaganda nos taludes,
isso está escrito. E com relação a creche poderá - não há nada incisivo, é tudo
muito vago. Quero que o senhor, que é muito cuidadoso com a ética, se
manifeste, com a mesma gana com que fez aqui, sobre a utilização de telefones
por vários Secretários do seu governo, sem pagar durante anos; telefones da
Companhia Rio-Grandense de Telecomunicações. Quero que o senhor se manifeste da
mesma forma na imprensa e, inclusive, desta tribuna. Queremos ver pago esse tempo
porque contrato feito depois que foi denunciado, não adianta.
Era isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Próximo Vereador inscrito é o Ver. Jocelin Azambuja, que
desiste; próximo Vereador inscrito é o Ver. João Dib, que tem 8 minutos com
apartes.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu acho que tem um Vereador que
confunde ética e ótica, confuso e Confúcio. Mas, nesta pauta do dia de hoje,
nós temos 21 Projetos de Lei para serem apreciados por esta Casa, os mais
diversos assuntos estão sendo tratados aí. Mas nós temos que nos conscientizar
que é preciso fazer lei para ser útil ao povo, fiscalizada e aplicada
convenientemente. Nós temos a Lei nº 6.855 que está sendo objeto da pauta,
hoje, quando estamos pedindo que a municipalidade mande a esta Casa todos os
dados que se constituem, que se somam, que se multiplicam, para definir a
reposição salarial dos municipários, fatos que não deveriam ser pedidos em uma
lei, mas, como esta Administração não cumpre a lei, vamos fazer uma tentativa.
Está aqui o Projeto de Lei do Ver. Nereu D’Ávila
que pretende a adoção do Arroio Dilúvio. Pois eu vou cumprimentar pelas falhas
que têm no Projeto, que o Ver. Nereu D’Ávila coloca, porque ele traz à tona um
assunto que tem que ser equacionado. Mais grave do que fazer propaganda dos
taludes, para aqueles que adotam o Arroio Dilúvio, e que vão trazer uma
economia enorme para o Município, além da receita, mais grave é retirar areia,
terra, sementes, raízes e jogar naquele caldo de cultura que é o Arroio Dilúvio
e que tem lá extensão de 200, 300 metros com 3 ou 4 metros de largura, tomando
grande parte do Arroio. De resto, está completamente assoreado pela falta de
cuidados. Cuidam de fazer os taludes, e as lajes de grés aparecerem, que não
interessa muito, e até vou lhe dar uma sugestão depois, Ver. Nereu D’Ávila,
para fazer a publicidade, para aqueles que vão ajudar o Município, porque o
talude não é a melhor colocação. São poucas as pessoas que enxergam os taludes:
colocar as próprias pontes. Não tem problema nenhum. Mas eu dizia, nós temos
leis, a art. 125, da Lei Orgânica determina, de 2 em 2 meses, a edição dos
gastos da Prefeitura. E, ao que sei, até hoje, o único mês em que foi feito,
foi em julho de 1992, e gastaram mais de um bilhão de cruzeiros. E em julho de
1992 era proibida a publicidade. Gastaram mais de um bilhão de cruzeiros em
publicidade e colocaram, no mês de julho, um bilhão e pouco, em agosto
quinhentos milhões de cruzeiros. Esta foi a única vez. Ontem, as televisões
levaram ao ar três minutos, em cessão ao Sr. Tarso Fernando Genro: o problema
da habitação em Porto Alegre está resolvido, porque eles receberam 37 hectares
da Cúria e vão fazer terrenos de 37 m2. E esta é a competência de
uma Administração! Eu estou fazendo um Pedido de Informação para saber quanto
custou esses três minutos de televisão num horário nobre. Eu vi em duas
emissoras de televisão, mas outro Vereador me informou que viu no Canal 4. Eu
não vi. Mas imagino que sejam cinco ou seis canais de televisão. Quanto custa 3
minutos de televisão num horário nobre?
O Sr. Artur
Zanella: V.Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Dib,
V.Exª se referiu a esses terrenos da Cúria, tenho um constrangimento muito
grande de oferecer este aparte. Mas já que estamos vendo datas, aqui, eu
gostaria, e estou encaminhando um Pedido de Informações para ver se a SMAM deu
parecer favorável a esses terrenos da Cúria que, me parece, são os mesmos
terrenos que dão acesso a um templo religioso que a própria SMAM já impugnou
uma vez, um templo religioso naquele local. Imaginem 34 hectares? Então, hoje,
dia 20 de agosto, se existe um parecer favorável da SMAM a este loteamento, que
é a base e o acesso ao Morro do Osso, e que está sempre em moda nesta Casa.
O SR. JOÃO
DIB: Nobre Ver. Artur Zanella, eu disse 21 projetos de lei, aqui, sendo
debatidos na Pauta. Para a Administração da Prefeitura não tem lei. Eles fazem
o que querem! Mas eu tenho um entusiasmo muito grande, eu, praticamente, passei
aqui os três últimos anos da última Legislatura reclamando; o meu amigo Ver.
Lauro Hagemann, da Comissão de Finanças, reclamando na Comissão de Justiça.
Brigando com meio mundo, porque tínhamos que colocar a Administração da
Prefeitura no cumprimento da lei.
Cheguei nesta tribuna, consegui que se entrasse em
juízo, o Plenário aprovou. Outra má aplicação da Lei n° 6.855, dia 13 de
dezembro de 1991. O Plenário aprovou que entraríamos em juízo, e depois
perguntaram-me como entraríamos em juízo contra uma lei que nós aprovamos. Nós
aprovamos uma lei, ela foi mal aplicada, vamos entrar contra a má aplicação.
Então, esta plêiade de 33 Vereadores, a mim
surpreende e hoje, até, quando cheguei aqui 2 ou 3 minutos antes das 9 horas,
pensei: a primeira vez que não vou responder presença na primeira chamada é
hoje. Quando chegou 9 horas não só tinha “quorum” para abrir, como havia
“quorum” para votar a ata que o Presidente imediatamente colocou em votação.
Esta Câmara, eu acredito, vai nos dar satisfações,
que no passado não tivemos.
Vejam essa Comissão Parlamentar de Inquérito, a
maneira como tem trabalhado. Alguma coisa de impressionante! Eu estou falando
pelo tempo que estou nesta Casa. Qualquer atividade nossa é discutida até o
fim. Então, eu espero que as leis que aqui estão vão ser discutidas, vão ser
votadas, vão ser negadas, vão ser aprovadas, são 21, sirvam para a Cidade. Mas
que a Administração da Prefeitura entenda que ela está abaixo da lei, e não
acima da lei. Ela está subordinada à lei, como qualquer um de nós. Ela tem que
cumprir a Lei Orgânica nas respostas aos Pedidos de Informação, nas informações
sobre os balanços abertos da Prefeitura, que não chegam aqui de jeito nenhum.
Eu pediria, então, menos leis, talvez. Mas muito mais rigor no acompanhamento
das leis que aqui são votadas para a defesa do povo de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Próximo orador inscrito, Ver. José Gomes, que está ausente. Com
a palavra Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero trazer, antes de levar
o problema à Comissão de Finanças e Orçamento, queria trazer a este Plenário
uma interpretação que tenho sobre outros processos que estão em Pauta e depois
vão às Comissões. Ocorre que nos Projetos em Pauta já consta o Parecer da
Auditoria, indicando que determinado projeto deverá ter como origem o
Executivo. Isto, normalmente, tem sido acatado pela Comissão de Constituição e
Justiça – esse e outros -, e no art. 12 diz: (Lê.) “Fica assegurado ao autor da
proposição, cujo parecer da Comissão de Constituição e Justiça apontar
inconstitucionalidade, ou ilegalidade, fazer contestação por escrito que
acompanhará o processo.” Parágrafo Único (Lê.): “A Comissão de Constituição e
Justiça comunicará, por escrito, o fato previsto no ‘caput’ ao autor da
proposição, que terá prazo de cinco dias úteis para apresentar a sua
contestação.”
O espírito desse artigo, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, era dar oportunidade aos Vereadores desta Casa os mesmos direitos.
E aquele Vereador que não ficou contente com o Parecer da CCJ, que - por sinal
o nome está errado, diga-se de passagem, não é de Constituição e Justiça,
porque ela não trata de Constituição - tenha a oportunidade, aquele Vereador,
de discutir o Parecer que lhe foi adverso, e, eventualmente, ver mudado esse
Parecer, porque senão não tem nenhum objetivo prático o encaminhamento de um
pedido de uma contestação.
Mas o que está ocorrendo, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, é que o Vereador apresenta contestação, se vale de uma farta
bibliografia, estudos, pareceres, e simplesmente o Processo, depois, é
encaminhado, sem que a sua contestação seja examinada pela Comissão de Finanças
e Orçamento. Então, eu, como Presidente da CFO, ao receber o processo, tenho
que encaminhá-los aos Vereadores. João Dib, João Verle, Airto Ferronato,
Antonio Hohlfeldt e para mim mesmo. Só que eu não tenho garantia nenhuma de que
aquele parecer indefinido, da Comissão de Constituição e Justiça, reflete uma
realidade porque estão sendo anexadas estas contestações, e encaminhadas às
demais Comissões.
Eu, como Presidente, tenho dúvidas porque nesses
três processos citados há uma contestação que me parece válida. O espírito do
Regimento Interno é que dentro da Comissão houvesse um estudo sobre esta
contestação, porque para mandar ao Plenário, não é preciso mandar para a
Comissão.
Se o Regimento Interno diz que é preciso mandar uma
contestação para a Comissão e que tem prazo para a Comissão pedir esse
encaminhamento, são cinco dias, e ela, simplesmente anexa junto e manda para
nós.
Eu não tenho condições de encaminhar aos Vers. João
Verle, João Dib, Airto Ferronato, que estão me ouvindo, o processo que tem um
parecer pequeno. Um processo do Ver. Luiz Braz, por exemplo, a votação é de
quatro a três, pela inconstitucionalidade. Há dúvidas. Então, vem uma
contestação de três, quatro folhas, anexadas, mando para o Ver. João Verle dar
o parecer, sem saber se é inconstitucional, ou não.
Eu
já dei um parecer, um despacho. Vou pensar até terça-feira se o submeto à
Comissão, ou não. Mas o meu despacho é devolvendo os três projetos para a
Comissão de Constituição e Justiça, para que ela analise a contestação feita
pelo Vereador, baseado no nosso Regimento Interno.
Acho
uma descortesia ter de solicitar para um Vereador que faça uma contestação, que
seja anexada, encaminhada, para depois darem satisfação sobre esse processo.
Tratando dos projetos em pauta, alguns deles,
existe o indicativo da pretensa inconstitucionalidade por vício de origem que,
em alguns casos, não está configurado. Em um dos processos, não vou citar, o
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça fez uma Emenda tornando o
processo autorizativo. Isso foi derrubado, houve uma contestação do Vereador
autor, foi anexada e encaminhada sem análise. Eu quero colocar bem claro porque
não é intenção minha criar problemas ou constrangimentos a outra Comissão, mas
eu gostaria que se decidisse porque eu acho que, se há no Regimento Interno a
possibilidade de uma contestação, essa deve ser examinada pela Comissão que
pede porque não tem sentido a Comissão pedir uma contestação e mandar para o
Plenário. Eu acho injusto para o Vereador que eu designar para dar o parecer
que ele não tenha posição sobre essa contestação. Montesquieu já dizia que o
espírito das leis é tão importante quanto o que está escrito. Isso não se
justifica quando se diz, não está escrito aqui que ele tenha que opinar, mas
então por que dão um prazo de cinco dias?
Sr. Presidente, eu pretendia falar sobre os
projetos de lei que trazem suplementações, mas fica para outra oportunidade
porque eu acho que é mais importante discutirmos essa filosofia dos processos.
Esta Casa aprovou projetos, por exemplo, como o da isenção do ISSQN da
COOTRAVIPA. Nós demos uma isenção para essa entidade após ela ganhar uma
licitação onde tinha incluído o valor do ISSQN na sua proposta. Era um projeto
do Ver. José Valdir e que era inconstitucional. O Prefeito vetou, nós
derrubamos o Veto e a lei está aí e tem a isenção e ganharam aquela licitação e
tudo bem. Agora, estão morrendo os projetos diretamente nas Comissões, tendo em
vista este tipo de encaminhamento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Clóvis Ilgenfritz.
O SR. CLÓVIS
ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Eu tentei me localizar na
Pauta. A rigor tenho um projeto, que está e andamento, já falei, que busca
homenagear uma pessoa que prestou relevantes serviços à comunidade. Sr. José
Luiz Carneiro Cruz. Estamos negociando para que este processo seja aprovado.
Queria só adiantar que, além daquelas questões que coloquei na última Sessão,
quando ocorreu a 1ª Sessão de Pauta, que já havia sido providenciado pela SMAM,
através do DMAE um acordo de retirar todos os materiais que o DMAE estocava na
praça, em especial canos, tubulações para água e esgoto. É importante, também,
que se diga que a comunidade da região está se mobilizando, e coloca como outro
argumento para que essa praça seja realmente denominada José Luiz Carneiro
Cruz, uma das antigas reivindicações deste morador, que liderou movimentos para
que existisse uma feira naquela região. Local que centralizava um todo maior,
onde existem vária vilas, em especial os componentes do bairro Bom Jesus. Hoje
é uma realidade, a Feira Modelo, lá na praça que nós estamos querendo denominar
José Luiz Carneiro Cruz. Outras questões que estão sendo levadas a termos, em
negociação com o Orçamento Participativo, e com a SMAM que, através de seu
Secretário e assessores poderão estudar alguns investimentos, mesmo que
modestos naquele local. Outro problema a que queria me referir, mas o Ver.
Zanella já se referiu longamente, não é propriamente da Pauta, mas faz parte de
uma pauta maior desta Câmara, é nós definirmos - acho que a Câmara devia fazer
uma discussão aprofundada, não só na Comissão de Justiça, porque depois vem a
Plenário uma decisão da Comissão, que não teve o tempo suficiente de maturação
entre os outros Vereadores. Respeito o trabalho da Comissão de Constituição e
Justiça. Achamos que essa polêmica que, hoje, foi colocada pelo Presidente, que
tem surgido, começa a criar um mal-estar entre o Legislativo e o Executivo e
dentro do Executivo também. Nós devemos discutir qual a função do Legislativo e
o respeito que devemos ter com relação ao seu trabalho e, em especial, ao
nosso. Ou chegamos a conclusão de que seja um projeto, cuja iniciativa tem
vício de iniciativa ou não, porque eu tenho sido um dos Vereadores que procura
trabalhar com a estrutura do poder, do Governo, ou seja, com os problemas
estruturais e não apenas conjunturais, e sempre esbarro nos “vícios de origem”.
A rigor, o Prefeito também não toma as providências e veta projetos, porque
quer. Veta porque tem que cumprir uma determinada legislação. Em muitas
ocasiões pode coincidir com sua vontade e outras não. Digo que o projeto de
descentralização administrativa, que num primeiro momento, por obrigação
legislativa, o Prefeito foi obrigado a vetar, foi sancionado após a derrubada
do veto. Agora, ele está implantando a descentralização no Município.
O SR. ARTUR
ZANELLA (Questão de Ordem): Nós podemos chegar, em qualquer dia, mandar um
parecer contrário a um nome de rua, porque todo nome de rua pressupõe comprar
uma placa, gastar gasolina com um carro. Isso aumenta os custos e não traz receita, logo é inconstitucional.
O SR. CLÓVIS
ILGENFRITZ: Essa polêmica é realmente necessária. É necessário que se
estabeleça critérios, que não atinja o Legislativo a ponto de colocá-lo numa
camisa de força. A função do Legislativo é fiscalizar. Eu não tenho dúvidas
disso, mas, também, nós temos que propor e as propostas, via de regra, são
inconstitucionais. Essa questão, eu aceito que seja grave e necessariamente,
nós precisamos discutir.
Recebi um ofício circular com um assunto que é
importante para a nossa Casa. Alguns projetos estão tratando disso,
principalmente, aquele que regula o art. 150 da Lei Orgânica. No bojo deste
assunto, coloco o ofício que recebi do DETRAN, assinado pelo Delegado Carlos
Joaquim Rezende, Diretor do DETRAN, que agradece e pede apoio desta Casa, para
um assunto que é tabu na nossa sociedade: a doação de órgãos. Nos projetos em
pauta, seguramente vamos poder discutir essa questão. O DETRAN coloca que a
campanha para sensibilizar o público contribuinte sobre a necessidade de
inscrever-se como doadores de órgãos. Até a data do início dessa campanha do
DETRAN, apenas pessoas por dia se inscreviam no DETRAN como doadores, forneciam
a autorização ao órgão competente. A partir de 20 de julho, o DETRAN iniciou
esta campanha de esclarecimento e de solicitação ao público. É no DETRAN que se
estabelece o primeiro contato com o resultado, infelizmente fatal, de
acidentes, e ali é que deverá estar já no bolso da pessoa que teve esse
infortúnio, a autorização para que os seus órgãos pudessem ser doados para os
hospitais. Nós queríamos, desde já, nos solidarizar com esta campanha e dizer
que nós, de nossa parte, como Vereadores, estaremos nos inscrevendo e fazendo
as doações que forem sugeridas pelos órgãos competentes na área da saúde. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ISAAC
AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria de comunicar a
V.Exª e ao Plenário desta Casa, tendo em vista a manifestação de V.Exª em
Comunicação de Presidência, em que solicitava a reunião, com rapidez e
celeridade, da Comissão de Constituição e Justiça, com vistas a analisar a
denúncia que V.Exª formulou em relação ao fato de que o Sr. Prefeito informava
esta Casa que não iria cumprir dispositivo da Lei Complementar n° 295. Informo
então, que, na manhã de hoje, a Comissão de Justiça esteve, face à gravidade e
relevância do fato por V.Exª trazido, reunida, com”quorum” completo, examinando
a questão e esta Presidência designou como relator da matéria o Ver. Luiz Braz.
Pretendemos até a semana que vem dar conhecimento da posição da Comissão de
Constituição e Justiça a V.Exª e à Casa.
O SR.
PRESIDENTE: A celeridade dos trabalhos da Comissão de Justiça deixa a Casa
sempre em boas situações e gostaríamos de elogiar seu trabalho.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA (Questão de Ordem): Gostaríamos, antes de encerrar esta
Sessão, Sr. Presidente, de comunicar que teremos na terça-feira, dia 24, um dia
muito especial para o Partido Trabalhista Brasileiro, porque estaremos
inaugurando a sede do Conselho Metropolitano de Porto Alegre, na Galeria Edith,
na Rua Andrade Neves, n° 100, sala 1.102, para a qual estamos convidando os
colegas Vereadores de todos os Partidos para participar, às 18h30min, da
inauguração, ocasião em que também estaremos oferecendo um coquetel. Neste
mesmo dia teremos uma Sessão Solene nesta Casa, em homenagem aos 39 anos da
morte do Dr. Getúlio Dornelles Vargas, nosso ex-Presidente e um dos fundadores
do Partido Trabalhista Brasileiro e, no mesmo dia, além da Sessão Solene para a
qual também convidamos os colegas Vereadores e a todos desta Casa, teremos às
18h uma homenagem póstuma a Getúlio Vargas, lá na Praça da Alfândega. Então,
fazemos este convite às 16h30min a Sessão Solene aqui nesta Casa requerida pelo
Ver. Divo do Canto, às 18 horas a ida ao túmulo de Getúlio Vargas na Praça da
Alfândega e às 18h30min o a inauguração do Conselho Regional do PTB na Galeria
Edith na Andrade Neves, nº 100, sala 1.102; estão todos colegas convidados.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa se congratula e vê com satisfação o crescimento e a
organização do PTB na cidade de Porto Alegre.
O SR. CLÓVIS
ILGENFRITZ: Sr. Presidente, a falta de “quorum” impossibilita que eu faça
uso do tempo de Explicação Pessoal onde iria abordar com bastante intensidade a
questão da política salarial, mas também iria fazer um convite a esta Casa, a
todos os Vereadores e funcionários, para, segunda-feira, às 20 horas, no
Plenário da CEF, na Praça da Alfândega, assistir, ou melhor, participar de uma
discussão sobre o chamado programa nacional de renda mínima familiar que é
apoiado por todos os partidos no Senado Nacional, com exceção do PPR que está
ao meu lado reclamando, mas vou tentar convencê-lo do contrário.
O SR.
PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 12h21min.)
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